Após a repercussão negativa, o presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas nesta terça-feira “a quem por ventura ficou ofendido” pelo vídeo publicado – e apagado duas horas depois – em seu perfil oficial no Twitter no qual ele se compara a um leão lutando contra hienas que representam o Supremo Tribunal Federal (STF); o seu próprio partido, o PSL, o PT e o PCdoB; a Organização das Nações Unidas (ONU); a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), veículos de imprensa, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre outros agentes vistos como inimigos.
“Me desculpo publicamente ao STF, a quem por ventura ficou ofendido. Foi uma injustiça, sim, corrigimos e vamos publicar uma matéria que leva para esse lado das desculpas. Erramos e haverá retratação”, disse o presidente, em entrevista ao jornal o Estado de S. Paulo, que está em viagem oficial na Arábia Saudita.
O presidente também desconversou sobre se o autor da postagem foi o seu filho vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), que tem acesso frequente às contas do pai nas redes sociais, conforme já foi dito pelo próprio presidente. “Não se pode culpar o Carlos. A responsabilidade final é minha. O Carlos foi um dos grandes responsáveis pela minha eleição e é comum qualquer coisa errada em mídias sociais culpá-lo diretamente. A responsabilidade é minha, tem mais gente que tem a senha e não sei por que passou despercebido essa matéria aí”, afirmou ele.
O vídeo provocou fortes reações no meio jurídico e político. O ministro do STF Celso de Mello, decano da corte, escreveu que “o atrevimento presidencial parece não encontrar limites” e destacou que Bolsonaro “não é um monarca presidencial, como se o nosso país absurdamente fosse uma selva na qual o leão imperasse com poderes absolutos e ilimitados”.
A gravação também irritou parlamentares do PSL, que continua dividido. “Quando um político (ou uma família de políticos) posta um vídeo comparando o PSL – maior partido da base e que mais ajudou o governo – a uma hiena, significa dizer que ele está dispensando os votos e ajuda do partido? Deus limitou só a inteligência. A burrice é ilimitada”, escreveu a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do governo no Congresso.