‘Bolsonaro não foi eleito para governar para milicianos do RJ’, diz Lula
Ex-presidente disse que seu adversário tem um mandato de quatro anos para cumprir e sinaliza que não trabalhará por impeachment
Por João Batista Jr.
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, André Siqueira
Atualizado em 9 nov 2019, 19h03 - Publicado em 9 nov 2019, 15h33
No momento mais inflamado de seu discurso à militância reunida em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu o tom de como irá tratar seu adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Seu discurso começou por volta das 15 horas.
“Tem gente que fala que precisa derrubar o Bolsonaro, tem gente que fala em impeachment. Veja, esse cidadão foi eleito. Democraticamente nós aceitamos o resultado da eleição. Esse cara tem um mandato de quatro anos. Agora, ele foi eleito pra governar para o povo brasileiro e não para governar para os milicianos do Rio de Janeiro.”
Lula também mencionou o assassinato da vereadora Marielle Franco, cuja investigação tem sido alvo de críticas. “Ele não pode fazer investigação… Não é uma gravação do filho dele (Carlos) que será a uma ‘prova’”, afirmou, em relação ao depoimento de um porteiro, desmentido pelo Ministério Público, que ligou Bolsonaro às apurações.
Em outro momento do discurso, Lula pediu aos militantes que parassem de xingar Bolsonaro com palavrões. “Isso não pode ser falado por nós”, disse. “O Bolsonaro já é um palavrão”, acrescentou. O ex-presidente também disse não guardar ódio após ficar 580 dias preso. “Eu me preparei para não ter sede de vingança, para não odiar meus algozes”.
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“Não sei se vocês perceberam, em uma falha, o Bolsonaro chegou a confessar que devia as eleições ao Moro. Na verdade, ele deve ao Moro, ele deve aos juízes e deve à campanha de fake news que fizeram contra o companheiro Fernando Haddad e contra as esquerdas do país, disse.
O ex-presidente voltou ao sindicato em São Bernardo, seu berço político e onde permaneceu no últimos momentos antes de ser preso, pela Polícia Federal, em 7 de abril de 2018. Naquela ocasião, a prisão havia sido determinada pelo ex-juiz Sergio Moro, que condenou o petista no processo do tríplex do Guarujá.
“Muitos de vocês não queriam que eu fosse preso no 7 de abril do ano passado”, relembrou Lula. “Mas eu queria provar que o juiz Moro era um canalha. Eu queria provar que o Dallagnol montou uma quadrilha com a Força Tarefa da Lava Jato. Eu tinha certeza que os delegados que fizeram inquérito contra mim, eles mentiram nos inquéritos que escreveram”, concluiu.
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Lula chegou à sede do sindicato um pouco antes das 13 horas. Entrou pelo estacionamento do local e, na companhia de apoiadores, percorreu uma espécie de tapete vermelho que o conduziu até o interior do prédio.
O ato em apoio a Lula contou dos candidatos à Presidência em 2018 Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), a presidente do PT Gleisi Hoffmann, os deputados petistas Paulo Teixeira, Paulo Pimeinta, Benedita da Silva, José Guimarães, Bohn Gass, o senador Jaques Wagner, e os ex-parlamantares Lindbergh Farias, Wadih Damous e Eloi Pietá. A ex-presidente Dilma Rousseff não estava presenta porque participa, em Buenos Aires, de uma reunião do Grupo de Puebla, que reúne líderes de esquerda na América do Sul.
Desde antes de Lula subir ao carro de som, o clima era de campanha eleitoral. Máscaras com o rosto de Lula eram distribuídas para os militantes, que se aglomeraram na porta do sindicato. Nas ruas, quiosques vendem comidas, faixas, camisetas e broches com o nome do petisto.
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O ex-presidente viajou de Curitiba a São Paulo em avião fretado. A aeronave de prefixo PP-HUC pertence à Icon Táxi Aéreo e à Brisair Serviços Técnicos Aeronáuticos, de propriedade do apresentador Luciano Huck e de sua esposa, a também apresentadora de TV Angélica.
Com o forte calor, alguns militantes chegaram a passar mal e a aglomeração dificulta a passagem de paramédicos. A militância grita “emergência” para que os pacientes possam se deslocar até equipes do corpo de bombeiros.
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