O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) disse que sua expulsão do PSL, o maior partido da base governista, foi consequência da postura do presidente Jair Bolsonaro, que não gostou de ouvir suas críticas. “Questionei determinadas ações, determinadas coisas que ele fala, a forma como o PSL foi preterido. Eu não me desentendi com ele, apenas falei verdades, mas descobri que o Bolsonaro não está preparado para ouvir verdades. Achei que era democrático, mas fui expulso do partido”, disse em entrevista ao programa Páginas Amarelas, de VEJA.
Segundo ele, a primeira decepção com o presidente veio ainda na montagem do governo, quando os nomes que indicou, principalmente para a área cultural, foram tratados com desdém pela gestão, mas nega que o rompimento tenha a ver com cargos. “A desavença não foi por cargos, porque eu não pedi cargo nenhum. Foi o Bolsonaro quem me pediu para montar esse cinturão (na área de cultura) para ele”.
Ele também citou o caso envolvendo Fabricio Queiroz, ex-motorista no gabinete do senador Flávio Bolsonaro, como um dos motivos de desavença. “O caso Queiroz fez com que a gente ficasse na defesa. Eu subi (na tribuna) e disse: ‘eu defendo a prisão do Queiroz’. Depois, o telefone tocou, era um assessor do Jair dizendo que ele não tinha gostado”, conta.
Em julho, em entrevista para VEJA, Frota havia dito que Bolsonaro falava demais. Agora, diz que a situação piorou. “Está falando muito mais. Acabamos de perder dinheiro da Noruega e da Alemanha. Ele diz que não tem desmatamento, que não tem fome, chamou Brilhante Ustra de grande herói brasileiro, mandou fazer cocô dia sim dia não”, lista. “Ele precisa entender que uma coisa é na campanha, uma coisa é quando você é deputado, outra coisa é quando você assume a Presidência da República”.
Agora no PSDB, ele diz que não teme decepcionar o eleitor após ter sido eleito na onda que levou Bolsonaro à Presidência. “Eu não tenho medo. Fui eleito na onda Bolsonaro, mas ajudei a eleger o Bolsonaro também”, afirmou.