Faltando menos de um mês para fim do atual governo, dois atos políticos em Brasília neste domingo, 11, colocaram em lados opostos o presidente Jair Bolsonaro, que desde que perdeu as eleições pouco tem aparecido em público, e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que deu ordens à equipe de transição para anunciar, em pinceladas, o que será a administração que se inicia em 2023 como forma de minar discursos golpistas do atual mandatário e de seus apoiadores. Na véspera da diplomação de Lula como vencedor da disputa pelo Palácio do Planalto, Bolsonaro participou de uma oração com simpatizantes em frente ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República.
Embora não tenha discursado, o presidente acompanhou a cerimônia de hasteamento da bandeira, cumprimentou, à distância, as centenas de apoiadores que se aglomeraram no local e se postou ao lado de um pastor. Faixas com dizeres como “Supremo é o povo” dividiam lugar com gritos de apoio a Bolsonaro, como “mito”, “fica” e o lema do ex-capitão “Deus, Pátria, Família e Liberdade”. Antes, o presidente abraçou uma criança e se emocionou.
Não muito longe dali, na região central de Brasília, o presidente eleito Lula se reuniu com parte de seu entorno político para mais uma rodada de negociações para a formação da futura equipe de primeiro escalão. O senador Marcelo Castro, relator do orçamento de 2023, também foi convocado para o encontro, que teve a presença, entre outros, dos já anunciados ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Casa Civil Rui Costa, além da presidente nacional do PT Gleisi Hoffmann e do coordenador da equipe de transição Aloizio Mercadante.
Na sexta-feira, 9, Costa afirmou que o novo governo deve contemplar desenho semelhante ao seu segundo mandato, quando existiam pastas como Planejamento, Cultura e Relações Institucionais, responsável pela articulação com o Congresso. No campo parlamentar, na próxima semana, depois de o Senado Federal ter dado aval à emenda à Constituição que amplia o teto de gastos para abarcar, por exemplo, o pagamento de 600 reais mensais a famílias inscritas no futuro programa Bolsa Família, a Câmara dos Deputados deve votar o texto, com a possibilidade de apreciação direta pelo Plenário.