Os candidatos à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) vão disputar o segundo turno das eleições de 2018 no próximo dia 28 de outubro. É a primeira vez desde 2002 que um candidato do PSDB não vai à segunda rodada do pleito com o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O candidato do PSL teve 46,1% dos votos, contra 29,2% do petista.
Em seu pronunciamento após o resultado, Bolsonaro questionou a segurança das urnas. “Se tivéssemos confiança no voto eletrônico, já teríamos o voto do futuro presidente da República decidido no dia de hoje”, disse, em vídeo publicado em suas redes sociais.
Já Haddad, em seu comitê em um hotel em São Paulo, reconheceu que o cenário daqui para frente é desafiador. “Os resultados são bastante expressivos e me fazem atentar para os riscos que a democracia corre”, afirmou. Em terceiro lugar, com 12,5% dos votos, Ciro Gomes fez um aceno ao petista. O pedetista não adiantou apoio, mas frisou que “sempre defendeu a democracia” e finalizou o discurso dizendo “Ele não”.
O representante do antipetismo
Candidato que canalizou o antipetismo e a repulsa pelos escândalos de corrupção desde o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, Bolsonaro foi responsável pelo esvaziamento da candidatura do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano teve apenas 4,8% dos votos – o pior resultado de um candidato tucano ao Planalto.
Pertencente ao baixo clero, o candidato do nanico PSL, que possui apenas oito das 513 cadeiras na Câmara dos Deputados, Bolsonaro possui 27 anos de vida parlamentar e aprovou apenas dois projetos no período. Capitão do Exército reformado, ele começou a se credenciar como presidenciável por suas declarações contra o PT e pelas frases polêmicas consideradas de tons racistas, homofóbicos e machistas, que ganharam holofotes na mídia.
Sua candidatura começou a crescer no dia 29 de setembro, quando protestos foram organizados contra ele por mulheres em todo o país. Os adversários dizem que o crescimento se deve a notícias falsas relativas ao movimento espalhadas pelo aplicativo WhatsApp.
Durante a campanha, Bolsonaro também sofreu um ataque em Juiz de Fora (MG). Em 6 de setembro, foi esfaqueado por Adélio Bispo de Oliveira, por “inconformismo político”, segundo a Polícia Federal. O atentado não refletiu, num primeiro momento, em alta nas pesquisas de intenção de voto, mas tirou o candidato das ruas e dos debates na TV. Ele também foi beneficiado com tempo espontâneo na televisão pela cobertura do caso.
O substituto de Lula
Professor da USP, ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad assumiu a cabeça de chapa do PT apenas em 11 de setembro, dez dias depois de a candidatura de Lula ter sido barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com base na Lei da Ficha Limpa. O ex-presidente está preso em Curitiba, condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Sua defesa diz que ele foi condenado sem provas e é perseguido por setores da Justiça. Ele recorre.
No início das pesquisas, Haddad aparecia com apenas 4% das intenções de voto, mas sua campanha conseguiu fazer parte da transferência de voto de Lula para seu candidato. O ex-ministro se apoiou especialmente na popularidade do ex-presidente no Nordeste, onde Haddad conseguiu a maioria de seus votos. Ele também conta com a força de seus governadores na região.