Bolsonaro diz que não teria “nada a fazer” em caso de derrota
Declaração ameniza afirmativa anterior de que não aceitaria o resultado das urnas
Já em casa após receber alta, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) deu uma explicação neste domingo a respeito da declaração “não aceito o resultado das urnas diferente da minha eleição”, feita em entrevista concedida ao apresentador José Luiz Datena na última sexta-feira.
Na ocasião, Bolsonaro disse que as urnas utilizadas nas eleições brasileiras são passíveis de fraude. Agora, em entrevista ao jornal O Globo, o presidenciável amenizou o tom sobre o que faria em caso de derrota no pleito.
“Sei que não tenho nada para fazer (em caso de derrota). O que quis dizer é que não iria, por exemplo, ligar para o Fernando Haddad depois e cumprimentá-lo por uma vitória”, afirmou, elegendo o candidato petista como seu principal adversário nas eleições. “Se tiver segundo turno, vai ser o Haddad que vamos enfrentar”, completou.
Anteriormente, o presidente do PSL e braço-direito de Bolsonaro, Gustavo Bebianno, já havia tentado abrandar a frase dita pelo candidato. Segundo ele, Bolsonaro quis dizer que seria estranho as urnas não refletirem o que ele observado nas ruas. “O nosso problema com as urnas é que elas não permitem recontagem dos votos, que fica restrita a meia dúzia de técnicos”, afirmou.
Para o candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, a declaração de Bolsonaro “deixou claro o anúncio de um golpe”. “Somando a fala de Bolsonaro com as declarações anteriores do vice, general Mourão, sobre a criação de uma nova Constituição, e ‘juntando lé com cré’ percebemos a iminência de um golpe”, argumentou Ciro.
Neste sábado, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, comparou Bolsonaro a um menino mimado que não sabe perder. “Isso aí é inacreditável. Ele foi eleito sete vezes deputado federal e a urna funcionou. Se perder, a urna não funciona. É como um menino mimado que quando perde o jogo, pega a bola e vai embora”, afirmou.
Um dia depois do protesto de milhares de mulheres pelo Brasil, Bolsonaro minimizou o movimento que marcou presença nos 26 estados e no Distrito Federal, além de 66 cidades do exterior. O deputado afirma que agora pretende impulsionar um protesto de seus apoiadores na internet para se contrapor às manifestações e, ao mesmo tempo, atacar o PT, reforçando a estratégia de polarização.
“Sobre as manifestações de ontem, só vi um certo vulto no Rio de Janeiro e em São Paulo. No resto do Brasil foi um desastre. São apenas minorias contra mim, não existe isso de rejeição de eleitorado feminino ao meu nome”, afirmou Bolsonaro. Pesquisas mostram, porém, uma maior taxa de rejeição da sua candidatura entre as mulheres.