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Bolsonaro diz que trabalho de Moro o ajudou politicamente

Presidente afirmou que juiz federal terá ampla liberdade em "superministério", que terá controle sobre segurança pública e órgãos de controle financeiro

Por Leonardo Lellis Atualizado em 1 nov 2018, 21h37 - Publicado em 1 nov 2018, 18h31

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) disse que trabalho do juiz federal Sergio Moro, futuro ministro da Justiça em seu governo, o ajudou a crescer politicamente. “Você tem que reconhecer o trabalho dele, muito bem feito. Inclusive em função do combate à corrupção, da operação Lava Jato, as questões do mensalão, entre outros, me ajudou a crescer, politicamente falando”, disse.

Em sua primeira coletiva a jornalistas após a eleição, Bolsonaro afirmou que Moro terá “ampla liberdade” para exercer seu trabalho à frente da pasta, definida como um “superministério”, que também ficará responsável pela segurança pública. O presidente eleito disse que o juiz também poderá ter sob seu comando parte de órgãos de controle como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) — hoje vinculado ao Ministério da Fazenda.

A ideia, segundo Bolsonaro, é combater o crime organizado pelo viés financeiro. “O caminho é seguir o dinheiro e você tem que ter meios para tal. O Ministério da Justica daria todos os meios para Sergio Moro perseguir este objetivo”, disse.

No futuro ministério, Moro vai ser responsável por, por, entre outras coisas, conduzir os trabalhos da Polícia Federal e do sistema penitenciário. Ainda há a expectativa de que a pasta da Transparência, Fiscalização e a Controladoria-Geral da União (CGU), responsável pelo acompanhamento da atuação dos outros órgãos federais, também seja incorporada à pasta.

O futuro presidente disse que a conversa em que convidou Moro para seu governo durou 40 minutos. “Ele expôs o que pretende fazer e eu concordei em 100% com o que ele propôs. Ele queria liberdade total pra combater a corrupção e o crime organizado e um ministério com poderes para tal”, disse. “Dei o sinal verde e ele aceitou o convite”, completou.

Perguntado se Moro seria um “xerife” de seu governo, Bolsonaro se esquivou — “se quiser dar esse nome…”, disse aos jornalistas. “Ficou bem claro que qualquer pessoa que porventura apareça no noticiário policial pode ser investigado e não vai haver qualquer interferência por parte da minha pessoa”, completou.

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Bolsonaro minimizou o fato de sua equipe ter entrado em contato com Moro durante a campanha, conforme revelou o seu vice, general Hamilton Mourão. “Não tem nada a ver se foi uma semana antes [da eleição]”, disse. A entrada de Moro no futuro governo foi criticada por petistas que renovaram o discurso de atuação política do magistrado na condução dos processos da Operação Lava Jato.

Moro vai se afastar imediatamente dos processos relacionados ao escândalo do corrupção na Petrobras. A juíza substituta Gabriela Hardt, que na Lava Jato determinou a prisão do ex-ministro José Dirceu, assume temporariamente os casos.

“Após reunião pessoal na qual foram discutidas politicas para a pasta, aceitei o honrado convite”. disse Moro em nota. “Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão.”

(com Reuters)

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