Bolsonaro diz que Congresso ‘vai fazer sua parte’ e aprovará reforma
Em transmissão ao vivo no Facebook, presidente agradece lideranças partidárias por diálogos hoje e ressalta que não tratou de cargos no governo
Depois de se reunir com presidentes de partidos de centro e parlamentares nesta quinta-feira, 4, o presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite de hoje acreditar que o Congresso “vai fazer sua parte” e aprovará a reforma da previdência. Em uma transmissão ao vivo em seu perfil no Facebook, Bolsonaro disse que passou a manhã desta quinta “conversando quase que individualmente” com lideranças de partidos como PSD, PSDB, PP, PRB, DEM e MDB e agradeceu “penhoradamente” pelos diálogos.
“Acredito no parlamento brasileiro, acredito que o parlamento vai fazer sua parte não só na questão da reforma da previdência, bem como as demais propostas que estão dentro da Câmara”, declarou o presidente, acompanhado na transmissão pelos ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, além de uma intérprete de Libras.
Assim como já havia publicado mais cedo em sua conta no Twitter, Jair Bolsonaro ressaltou que não tratou de distribuição de cargos a indicados políticos pelos partidos. “Tratamos de questões partidárias, governabilidade e a nova previdência. Ao contrário do que parte da mídia disse ontem, em nenhum momento tratamos de cargos. Eles têm o perfeito entendimento de que querem colaborar não com o governo, mas com o Brasil (…) nada foi tratado sobre cargos, nem da parte deles, nem da nossa”, completou.
Com a série de encontros nesta quinta, Bolsonaro demonstra aos líderes partidários alguma disposição à articulação política após a briga pública com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), justamente em torno da inoperância do governo nessa área. Em meio à troca de farpas pública com Maia, o pesselista reforçava o mantra que opõe sua “nova política” à “velha política” e chegou a declarar, em relação à reforma da previdência, que “a bola está com o Congresso”, sinalizando que um possível fracasso da proposta deveria ser atribuído unicamente aos parlamentares.
Apesar do aceno aos partidos, os líderes deixaram as reuniões com o presidente sem garantir de que farão parte da base aliada e que fecharão questão, isto é, punirão parlamentares que descumprirem a orientação de voto da sigla, em relação às mudanças nas aposentadorias. Geraldo Alckmin e Romero Jucá, presidentes de PSDB e MDB, respectivamente, anunciaram que as siglas não integrarão a coalização de apoio ao governo e deixaram em aberto apoio irrestrito à reforma. ACM Neto, presidente do DEM, admitiu a possibilidade de o partido se aliar ao governo, mas ponderou que a decisão não será tomada neste momento, assim como o fechamento de questão.
Décimo-terceiro do Bolsa Família
Na mesma transmissão ao vivo no Facebook, Jair Bolsonaro anunciou que o governo pagará já no fim de 2019 o décimo-terceiro salário aos 13,9 milhões de famílias beneficiárias do programa Bolsa Família. Segundo o presidente, a medida, uma de suas promessas de campanha, será comunicada oficialmente na semana que vem, quando o governo completará 100 dias.
“Vou adiantar um item que é o décimo-terceiro do Bolsa Família. Lá atrás, o PT negou no Senado o projeto que tratava desse assunto, então nós resolvemos aqui pelo Executivo tratarmos desse assunto e o décimo-terceiro do Bolsa Família será anunciado na semana que vem, para atingir diretamente os mais necessitados”, declarou Jair Bolsonaro,
Ele disse que os recursos para os pagamentos aos beneficiários do programa social virão do combate às fraudes no Bolsa Família em seu governo. “Porque existe, e muita, fraude. Então continua esse trabalho cansativo, porque tem que pegar um a um e fazer cruzamento, mas está dando resultado e o décimo-terceiro está garantido para o pessoal do Bolsa Família no final do ano”, anunciou.
O presidente estima que serão cumpridos 95% das metas para os 100 primeiros dias do seu governo. “Os 5% restantes serão parcialmente atingidos e estamos lutando pra ver se cumpre 100% da meta”, pontuou.
Brincadeira de Moro
Debutante no Twitter, onde estreou sua conta nesta quinta-feira, o ministro Sergio Moro disse que foi influenciado por Bolsonaro a se comunicar pela rede social e brincou com o presidente. “Acabei lançando um Twitter, seguindo aqui o exemplo do senhor presidente. Se der errado a culpa é dele, já vamos colocar”, afirmou Moro.
Sobre o projeto anticrime enviado por sua equipe, em tramitação na Câmara e no Senado, o ministro declarou que tem “conversado muito com parlamentares” e sentido uma “grande receptividade”. “Acredito que com a liderança do senhor e dos parlamentares, vamos conseguir deliberar sobre esse projeto, eventualmente aprimorá-lo e aprová-lo em tempo breve”, disse Moro.
Depois do ministro, Jair Bolsonaro ressaltou que as pauta de votações nas Casas do Legislativo cabem a seus presidentes, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre (DEM-AP). “Por parte deles não há qualquer objeção à tramitação desses projetos”, garantiu.