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Bolsonaro cita Kalil ao insistir em uso de cloroquina contra coronavírus

Presidente não citou Mandetta, fez críticas veladas a governadores e prefeitos e prometeu importar matéria-prima para o remédio da Índia

Por Redação
Atualizado em 8 abr 2020, 21h26 - Publicado em 8 abr 2020, 21h04
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  • Em novo pronunciamento em rede nacional a respeito da pandemia do coronavírus, nesta quarta-feira, 8, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso da hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19. Bolsonaro declarou que após uma conversa com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, o país asiático fornecerá até o próximo sábado, 11, matéria-prima para a continuidade da produção da substância no Brasil. A fala de hoje, a quinta do presidente sobre o coronavírus, foi a primeira em que ele prestou condolências a familiares de brasileiros mortos pela doença.

    Depois de criticar o infectologista David Uip, aliado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e coordenador do comitê que combate o coronavírus no estado, por não ter esclarecido se fez uso da cloroquina para se tratar da Covid-19, Bolsonaro relatou ter conversado com o médico Roberto Kalil, diretor-geral do centro de cardiologia do hospital Sírio-Libanês, e o elogiado por ter admitido que se tratou com a substância e a receitou a pacientes. Neste ponto do pronunciamento, o presidente lembrou o fato de o protocolo de testes para o remédio não ter sido finalizado, citando o que Kalil teria lhe dito.

    “Há pouco conversei com o doutor Roberto Kalil, cumprimentei-o pela honestidade e compromisso com o julgamento de Hipócrates ao dizer que não só usou a hidroxicloroquina bem como a ministrou a dezenas de pacientes. Todos estão salvos. Disse mais: que mesmo não tendo finalizado o protocolo de testes, ministrou o medicamento agora para não se arrepender no futuro. Essa decisão poderá entrar para a história como tendo salvo milhares de vidas no Brasil. Nossos parabéns ao doutor Kalil”, disse.

    Sem citar nenhuma vez no discurso o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a quem cogitou demitir na última segunda-feira, Bolsonaro adotou um tom mais brando em relação aos pronunciamentos anteriores, mas marcou posição ressaltando que foi ele quem escolheu os ministros de seu governo e que sua equipe deve estar “sintonizada” com o presidente. Também em tom menos beligerante, o presidente fez críticas veladas a governadores e prefeitos que impuseram medidas de isolamento social em seus estados e cidades.

    “Tenho a responsabilidade de decidir sobre as questões do país de forma ampla, usando a equipe de ministros que escolhi para conduzir os destinos da nação. Todos devem estar sintonizados comigo. Sempre afirmei que tínhamos dois problemas a resolver: o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados simultaneamente. Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos, muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O governo federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração”, disse.

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    Bolsonaro também reafirmou que os mais humildes devem deixar o isolamento e voltar ao trabalho para garantir o sustento da família. “Como afirmou o diretor geral da OMS, cada país tem suas particularidades, ou seja, a solução não é a mesma para todos, os mais humildes não podem deixar de se locomover para buscar o seu pão de cada dia. As consequências do tratamento não podem ser mais danosas que a própria doença. O desemprego também leva à pobreza, à fome, à miséria, enfim, à própria morte”, declarou. “Tenho certeza de que a maioria dos brasileiros quer voltar a trabalhar, essa sempre foi a minha orientação a todos os ministros, observadas as normas do ministério da saúde”.

    Novamente, contudo, o presidente resgatou um trecho distorcido de um pronunciamento do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom. No fim de março, Adhanom afirmou que governos devem levar em conta a população que precisa “trabalhar cada dia para ganhar seu pão”. Bolsonaro omitiu o trecho anterior da fala do diretor da OMS, em que ele citou a responsabilidade dos governos para garantir assistência às pessoas que perdem sua fonte de renda ao permanecer em casa durante a pandemia.

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