O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta quarta-feira, dia 7, que “acabou” com a Operação Lava Jato porque, segundo ele, “não tem mais corrupção no governo”. “Eu sei que isso não é virtude, é obrigação”, completou, em cerimônia no Palácio do Planalto para anunciar um pacote de ações que simplificam procedimentos de registro de pilotos e aeronaves.
“Eu desconheço lobby para criar dificuldade para vender facilidade. Não existe. É um orgulho dizer para essa nossa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo”, afirmou ele. “Nós fazemos um governo de peito aberto e quando eu indico qualquer pessoa para qualquer local tendo em vista a quantidade de críticas que ela recebe por grande parte da mídia”, disse o presidente.
A declaração de Bolsonaro ocorre num momento em que ele é criticado por apoiadores da Lava Jato pela indicação do desembargador Kassio Nunes ao Supremo Tribunal Federal (STF) – nome que foi chancelado por integrantes do Centrão, os ministros do STF Gilmar Mendes e Dias Toffoli e parlamentares contrários à Lava Jato.
“Nós fazemos um governo de peito aberto e, quando eu indico qualquer pessoa para qualquer local, eu sei que é boa pessoa, tendo em vista a quantidade de críticas que ela recebe por grande parte da mídia”, comentou Bolsonaro, no evento.
A fala também foi dita no mesmo dia em que a Lava Jato deflagrou a 76ª fase da Operação, que mira um esquema de corrupção na venda e compra de combustível para navios utilizados pela Petrobras. No endereço de um dos alvos, a Polícia Federal encontrou quase 3 milhões de reais em dinheiro vivo.
O presidente que se elegeu com o apoio de movimentos lavajatistas e até nomeou o ex-juiz Sergio Moro como ministro da Justiça têm se afastado cada vez mais destes grupos nos últimos meses. Na época da campanha em 2018, Bolsonaro chegou a falar em indicar nomes ao Supremo com o mesmo perfil de Moro, que após a saída conturbada do governo virou um adversário político.
Em tese, quem tem o poder de manter ou acabar com a Lava Jato é o procurador-geral da República, Augusto Aras, que foi indicado por Bolsonaro ao posto desprezando a lista tríplice apresentada pela associação de procuradores. Em entrevista à VEJA, Aras afirmou que a “Lava Jato não pode ter dono”. Em setembro, a PGR comandada por ele prorrogou a força-tarefa de Curitiba até 31 de janeiro de 2021. Na mesma época, o procurador Deltan Dallagnol se afastou do cargo de coordenador da equipe de Curitiba e sete procuradores de São Paulo assinaram carta de renúncia aos trabalhos da Operação no estado.