Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Bolsonaro abre mão de depor em inquérito que apura interferência na PF

Presidente pediu ao relator da investigação no STF, Alexandre de Moraes, que autos sejam enviados à PF para elaboração de relatório final

Por Redação
Atualizado em 26 nov 2020, 18h46 - Publicado em 26 nov 2020, 18h29

O presidente Jair Bolsonaro informou nesta quinta-feira, 26, ao Supremo Tribunal Federal (STF) que abre mão de prestar depoimento no inquérito que investiga suposta influência política dele na Polícia Federal. O pedido dele será submetido ao relator da investigação no STF, ministro Alexandre de Moraes.

Na petição apresentada a Moraes, o advogado-geral da União, José Levi Mello do Amaral Junior, que representa Bolsonaro, afirma que o chefe do Executivo decidiu “declinar do meio de defesa que lhe foi oportunizado unicamente por meio presencial”. A delegada Christiane Correa Machado, que conduz o inquérito, havia informado ao Supremo que a oitiva do presidente era uma das últimas diligências pendentes na apuração.

Sorteado relator do inquérito quando ele foi instaurado, no final de abril, o ex-ministro do STF Celso de Mello já havia determinado que o depoimento de Jair Bolsonaro fosse colhido de forma presencial, decisão que gerou desgaste entre o Supremo e o Planalto – a AGU havia recorrido para que o depoimento pudesse ser entregue por escrito. O entendimento de Mello acabou suspenso pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello, até que o plenário da Corte decidisse a respeito.

O julgamento do recurso foi iniciado no começo de outubro, com o voto de Celso de Mello, contrário à tese da defesa do presidente, mas acabou suspenso e não foi retomado até o momento.

Na petição destinada a Moraes, o presidente ainda pede que os autos do inquérito sejam submetidos imediatamente à PF para elaboração do relatório final da apuração e, em seguida, à Procuradoria-Geral da República (PGR), à qual cabe decidir se oferece denúncia ou arquiva a investigação.

Continua após a publicidade

Até o momento, a PF colheu depoimentos do ex-ministro e do ex-diretor-geral da PF, dos ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Walter Braga Netto (Casa Civil), além da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), do empresário Paulo Marinho, ex-aliado do presidente, e delegados da Polícia Federal.

Para a Advocacia-Geral da União, a divulgação do vídeo da reunião ministerial no Palácio do Planalto em 22 de abril, apontada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro como prova de que Bolsonaro buscava interferir politicamente na PF, “demonstrou completamente infundadas quaisquer das ilações que deram ensejo ao presente Inquérito, o mesmo valendo para todos os demais elementos probatórios coletados nos presentes autos”.

Acusado por Moro

O inquérito foi aberto por Celso de Mello a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, depois que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro pediu demissão e acusou Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal por meio das trocas do então diretor-geral, Maurício Leite Valeixo, e do superintendente da PF no Rio de Janeiro. Valeixo foi demitido à revelia de Moro, que pediu para deixar o cargo no mesmo dia.

Continua após a publicidade

Em entrevista coletiva após pedir demissão e em seu depoimento aos investigadores, Moro disse que o presidente pretendia fazer as mudanças para ter na PF um diretor com quem pudesse “interagir” e que lhe fornecesse relatórios de inteligência.

O escolhido por Bolsonaro para substituir Valeixo acabou sendo o delegado da PF e diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, amigo dos filhos do presidente. Alexandre de Moraes, no entanto, barrou a posse de Ramagem por entender que havia indícios de “desvio de finalidade” na nomeação. Bolsonaro, então indicou o delegado Rolando Alexandre de Souza para o cargo.

Foi no âmbito desta investigação que Mello autorizou a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, no Planalto. Na reunião, o presidente reclamou dos sistemas de informação da Abin e da PF e afirmou que apenas o seu sistema “particular” funcionava. Bolsonaro declarou no encontro que havia tentado trocar a “segurança” de sua família no Rio de Janeiro e, não tendo “conseguido”, estava disposto a trocar até um ministro para fazê-lo.

Continua após a publicidade

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”, disse.

Segundo Moro, a menção a “segurança” se refere à Superintendência da Polícia Federal no Rio, onde o presidente teria buscado interferir politicamente em função de investigações de pessoas próximas a ele. Bolsonaro alega que se referia à segurança pessoal de sua família no Rio, que fica a cargo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI). O presidente, no entanto, também cita “amigos”, que, ao contrário de sua família, não têm direito a escolta de seguranças do GSI.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.