Um ano depois da polêmica em torno do número de pessoas presentes na motociata de 2021, em São Paulo, aliados do presidente Jair Bolsonaro agora preparam a segunda edição do evento com a promessa de levar mais de 2 milhões de motociclistas no próximo dia 15 de abril. Num vídeo promocional que circula pelas redes sociais, os organizadores prenunciam que o ato será o “apocalipse das motos” e a “segunda edição da maior motociata do mundo”. O evento deve contar com a participação de Bolsonaro.
“São Paulo: a cidade que nunca dorme. No Estado de SP, tem quase 5 milhões de motos. No Brasil, 23 milhões de motocicletas. E, dia 15 de abril, será a segunda edição da maior motociata do mundo: Acelera para Cristo 2”, diz o narrador. “O primeiro Acelera contou com mais de 1,3 milhão de motos. E, agora, serão mais de 2 milhões de patriotas, acelerando nos asfaltos de São Paulo. Não vai ser simplesmente uma motociata. Vai ser o apocalipse das motos”, acrescenta.
O assunto virou motivo de debate depois que bolsonaristas começaram a espalhar na internet dados inflados do protesto de 2021. Na época, os organizadores afirmavam que o ato tinha contado com a participação de 1,3 milhão de pessoas e entrado para o Guiness Book, o livro dos recordes.
Para rebater a informação, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), órgão ligado ao então governador João Doria, rival de Bolsonaro, divulgou os dados com base no sistema de monitoramento de um dos pedágios da Rodovia dos Bandeirantes – um trecho do itinerário do evento. Segundo a agência, o ato contou com a participação de apenas 6,6 mil motociclistas.
O organizador do evento é o pastor Jackson Villar, evangélico bolsonarista, que também atuou na edição anterior. Em setembro do ano passado, Villar chegou a gravar vídeos em que chamou Bolsonaro de traidor e disse não acreditar mais no presidente. A declaração ocorreu em protesto contra o fato de o mandatário ter pedido que os caminhoneiros interrompessem a paralisação que ameaçavam naquele período de 2021.
A motociata também contará com o apoio do apóstolo Estevam Hernandes, fundador da Igreja Apostólica Renascer em Cristo. Hernandes já foi preso nos Estados Unidos após tentar entrar com dinheiro escondido no país. Na época, a polícia chegou a encontrar notas de dólares dentro da Bíblia da liderança religiosa.
O site do evento diz que o ato contará com uma “megaestrutura”, com direito a palco, iluminação, banheiros químicos, ambulâncias, guinchos, seguranças, camarins e até bandas. Isso serviu de argumento para que a organização fixasse um preço de 10 reais de inscrição. A partir daí, cada inscrito receberá um QR-Code por meio do qual os organizadores afirmam que farão a contagem de manifestantes.