Em decisão publicada em 1º de dezembro, o Exército promoveu Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, a capitão. A decisão foi tomada com base no critério de antiguidade, e beneficiou uma lista de outros militares.
Crivelatti atuou como ajudante de ordens do ex-presidente até o fim do mandato, e era subordinado ao tenente-coronel Mauro Cid, que chefiava a ajudância. A partir de 1º de janeiro deste ano, ele foi nomeado assessor especial de Bolsonaro, e o acompanhou durante suas principais viagens dentro e fora do país.
O militar foi alvo de busca e apreensão e é investigado pela Polícia Federal no caso que apura a venda de joias e relógios de luxo recebidos por Bolsonaro enquanto chefe de Estado. Em depoimento, ele negou ter obtido qualquer tipo de favorecimento.
As menções ao militar
Crivelatti é citado em mensagens nas quais Cid faz menção a deixar com ele parte do dinheiro decorrente da venda das joias, a ser repassado a Bolsonaro. Conforme revelou VEJA, em acordo de colaboração, Cid afirmou que todo o dinheiro recebido da venda dos presentes foi entregue em mãos ao ex-presidente.
O ex-ajudante de ordens também é apontado nas mensagens como o responsável por receber o kit de joias da marca Chopard, já no âmbito da operação instaurada para recuperar os itens colocados à venda e devolvê-los à União. Ele chegou a enviar fotos do material a Cid após receber o pacote.
Ao contrário de Cid, que está, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, sem ocupar cargo ou função no Exército, Crivelatti não teve nenhuma punição interna. Ele, no entanto, teve de ser afastado da função de assessor especial de Bolsonaro.
O que diz o Exército
Interlocutores da força afirmam que a ascensão de Crivelatti se dá por mérito e que, apesar das menções a ele na investigação, o militar não está sub judice e tampouco é alvo de denúncia. Há, também, a avaliação de que não há nenhuma evidência de que ele tenha cometido alguma irregularidade.