As missões da senadora evangélica Damares Alves
A congressista vai se dedicar a eleger Michele Bolsonaro para o Senado e neutralizar a aproximação de Lula com o eleitor religioso
Há duas semanas, VEJA publicou uma pesquisa mostrando a supremacia da direita em Brasília, onde o eleitorado se revela majoritariamente conservador. O levantamento revelou que duas ‘bolsonaristas’ seguem na liderança para governar o DF — a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), com 18,2% dos votos, e a vice-governadora Celina Leão (PP-DF), que aparece em segundo lugar com 15,6% dos votos.
Confrontada com os números da pesquisa, Damares Alves disse a VEJA que não pretende disputar a eleição e que seu trabalho de agora em diante é o de articulação política. “Não quero ser candidata a governadora, mas, com certeza, vou apoiar a vice-governadora Celina para o governo do DF e a Michelle Bolsonaro para o Senado”, disse Damares.
Evangélica, Damares viajou com Celina e Michelle durante a campanha de Jair Bolsonaro em 2022, pedindo votos para o capitão em várias cidades do país, período em que a amizade das três se fortaleceu. Damares conta que Michelle não queria concorrer a nenhum cargo eletivo, mas mudou de ideia. “A Michelle disse que nunca tinha pensado em cargo eletivo, mas agora a popularidade dela cresceu muito. Antes, a gente não podia nem tocar no assunto, mas agora ela já ouve”, diz Damares.
O projeto de Damares para a eleição de 2026 é “andar por todo o Brasil para fazer a maior bancada de conservadores”. Caso Bolsonaro continue inelegível, diz ela, os partidos que fazem oposição a Lula já pensam em várias chapas para 2026.
“A direita tem muitos nomes, a esquerda não tem. Nós temos o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o de Minas, Romeu Zema, temos Ronaldo Caiado em Goiás, temos Michele Bolsonaro, nós temos a senadora Teresa Cristina”, ressalta a senadora. “Já pensou numa dobradinha Tarcísio e Michele para a Presidência? Tarcísio e Zema, ou Caiado e Zema? A direita tem bons nomes”.
O governo lançou recentemente a campanha “Fé no Brasil” e o presidente Lula tem incluído Deus em seus discursos, como forma de tentar atrair o eleitor religioso, que se afasta cada vez mais da pauta de costumes do PT. Uma das missões de Damares é neutralizar a possível aproximação de Lula com os evangélicos.