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Após três anos, PF chega a autor de fake news em eleição

A investigação se deu no Espírito Santo. Empresário acusado de criar sites para espalhar notícia falsa pode ser obrigado a pagar multa de até 100 000 reais

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 jan 2018, 19h06 - Publicado em 12 jan 2018, 18h22
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  • Na véspera das eleições de 2014, uma notícia da internet gerou um enorme burburinho no Espírito Santo. Um site que mimetizava um dos portais de notícias mais conhecidos do estado publicou o resultado de uma suposta pesquisa em que o então candidato à reeleição ao governo do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), aparecia com 52,3% das intenções de votos enquanto o seu concorrente, Paulo Hartung (MDB), corria atrás com 39,8%. Todas as outras pesquisas indicavam justamente o contrário naquele momento.

    A notícia falsa logo se alastrou pelas redes sociais. No dia seguinte, antes da abertura das seções de votação, a equipe de Hartung desmentiu os boatos sobre a suposta virada e fez um comunicado de crime às autoridades. O caso virou uma investigação da Polícia Federal – uma das primeiras do país a envolver eleições e fake news. O inquérito, ao qual VEJA teve acesso, foi concluído quase três anos depois, em julho do ano passado, com o indiciamento de um empresário, apontado como o responsável pela notícia mentirosa e pela página que a difundiu.

    Para chegar a ele, os policiais seguiram os rastros da internet. Acabaram chegando ao computador a partir do qual o site foi criado. Pelo registro, constataram que aquela mesma máquina havia sido usada para criar outras quatro páginas. Todas elas tinham como responsável o tal empresário, que já havia trabalhado no gabinete de um deputado estadual do mesmo partido de Renato Casagrande e costumava compartilhar, em suas redes sociais, textos favoráveis ao então candidato. O inquérito não encontrou evidências da participação de Casagrande na trama.

    No curso da investigação, os agentes chegaram a ouvir dezenas de pessoas que haviam compartilhado a notícia falsa – a ideia era entender por que espalharam uma informação mentirosa. Em depoimento, uma delas disse que só compartilhou porque a notícia havia sido publicada por um perfil do Facebook que costumava acessar com frequência.

    Ao término do inquérito, o empresário apontado como o autor das fake news foi indiciado por dois crimes eleitorais: divulgar pesquisa fraudulenta e tentativa de obstrução do exercício do voto. Somadas, as penas atingem até um ano e seis meses de prisão, com multas que podem chegar a 100.000 reais.

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    Nas eleições deste ano, a intenção da Polícia Federal é agir em um espaço de tempo bem mais curto do que aquele da investigação capixaba. Para isso, a corporação terá uma equipe especialmente dedicada a monitorar a disseminação de notícias falsas que possam atrapalhar o bom andamento da disputa eleitoral. A tarefa será realizada em parceria com representantes de outros órgãos, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Uma força-tarefa foi criada para definir estratégias de combate às fake news durante a campanha e definir punições para eleitores e candidatos que forem flagrados espalhando notícias falsas.

    A proliferação de notícias falsas na internet preocupa 83% dos brasileiros, como mostra reportagem de VEJA que chega às bancas nesta sexta-feira.

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