O presidente Jair Bolsonaro (PSL) passou a receber alimentação diretamente nas veias após apresentar dificuldades para eliminar gases de seu intestino. De acordo com a equipe médica do hospital Vila Nova Star, onde o presidente se recupera de uma cirurgia para corrigir uma hérnia incisional, também foi introduzida uma sonda nasogástrica para retirar o excesso de ar.
“Fizemos um raio-x do abdômen e ele apresentou distensão do estômago e do intestino grosso, que estava cheio de ar”, disse o cirurgião Antônio Macedo. Ele explica que o presidente não tem quadro infeccioso e que a “paralisação” do intestino, conhecido como íleo paralítico, é normal em cirurgias de grande porte. “Em cirurgias como essa, você é obrigado a manipular o intestino. A resposta natural do intestino a qualquer agressão é a paralisia”, explicou.
Segundo o médico, a sonda não foi introduzida nos dois primeiros dias por ser considerado um procedimento agressivo. Não há previsão para retirar a sonda nasogástrica nem para que o presidente volte a se alimentar por via oral. Segundo Macedo, os exames laboratoriais de Bolsonaro estão estáveis. “As partes de circulação e de cardiologia estão ótimas”, disse.
“Quando o intestino é aberto, chega uma hora em que ele engole muito ar e não consegue soltar. Aí você consegue tirar o ar pela sonda”, disse o médico. De acordo com Macedo, Bolsonaro apresentou o mesmo quadro em cirurgias anteriores, em 12 de setembro de 2018 e em 28 de janeiro de 2019. Ele disse ainda que hoje o presidente já evacuou e eliminou gases, “o que é um bom sinal”.
Desde segunda-feira, dia 9, o presidente mantinha uma dieta líquida, à base de água, gelatina, chá e caldo ralo. Segundo o boletim médico, a reintrodução da alimentação por via oral será avaliada diariamente. “Evoluiu há 12 horas com lentificação dos movimentos intestinais e distensão abdominal, sendo submetido a passagem de sonda nasogástrica e introdução de nutrição parenteral (endovenosa)”, diz o boletim divulgado nesta terça.
Bolsonaro foi submetido ao procedimento no último domingo, em São Paulo, em decorrência da série de cirurgias pela qual passou após sofrer um atentado a faca durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro do ano passado. Esta foi a quarta cirurgia realizada no presidente e a expectativa inicial é que ele teria alta em até seis dias — mas os médicos agora preferem não estipular um prazo.
Na terça-feira 10, o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, disse que Bolsonaro teria condições de assumir suas funções a partir desta quinta-feira, 12, mesmo de dentro do hospital — o vice Hamilton Mourão assume a presidência até esta data. “A partir da quinta-feira, a junta médica e o presidente decidirão sobre isso”, afirmou Rêgo Barros.
A primeira-dama Michelle Bolsonaro e o vereador licenciado Carlos Bolsonaro (PSC), do Rio, filho do presidente, estão em São Paulo como acompanhantes e dormem no hospital. Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) fazem visitas ao pai. Na segunda-feira, Bolsonaro recebeu também a visita do presidente em exercício, Hamilton Mourão.
(Com Estadão Conteúdo)