O Partido dos Trabalhadores pediu nesta segunda-feira, 15, o afastamento imediato por 120 dias dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato Deltan Dallagnol e Roberson Pozzobon ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), uma espécie de corregedoria do órgão.
A reclamação disciplinar baseia-se nas informações publicadas no domingo 14 pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo site The Intercept Brasil de que Dallagnol teria planejado montar uma empresa para fazer palestras com o seu colega Pozzobon. Segundo os diálogos, o negócio seria conduzido pelas mulheres dos procuradores – para burlar a lei que impede que procuradores gerenciem negócios particulares; eles podem apenas ser sócios – e visava obter lucro com o “networking e a visibilidade” deles.
A ação é assinada pelos deputados Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do PT, e Paulo Pimenta (PT-RS), líder do partido na Câmara, e por Humberto Costa (PT-PE), que lidera a legenda no Senado, e é endereçada à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, presidente do CNMP. Gleisi e Costa respondem a inquéritos por suspeitas de recebimento de propina no âmbito da Lava Jato.
No pedido, a bancada do PT argumenta que Dallagnol quis obter “vantagens adicionais aos vencimentos do cargo não previstas em lei” e que Pozzobon faltou com o “decoro, zelo e probidade”. “Os graves fatos tornados públicos pela referida matéria apontam para o exercício do comércio direto e pela participação indireta e simulada de sociedade comercial”, acusa o partido.
“Evidente, portanto, que os reclamados atuaram como empresários, dispostos a realizar plano de negócios, assumir os riscos de lucro ou prejuízo do negócio, com o envolvimento direto com empresários para rateio de lucros, e, até mesmo, a implicação de familiares – esposas e tio – na empreitada comercial profissional”, acrescenta o texto.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada no domingo 14, Dallagnol afirmou que os diálogos vazados visam forçar anulações de processos da Lava Jato, que pela força-tarefa já passaram mais de 30 servidores – alguns, inclusive, “eleitores do PT” – e que não é possível atestar a autenticidade das conversas. “A mudança de uma palavra, a inserção de um “não” ou a abstração de contextos podem mudar significados. E o que temos visto são indícios de edição e evidências de que supostas mensagens, na forma como são apresentadas, contrastam com a realidade”, disse ele.
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