Corrupção, economia e contas públicas: o primeiro debate presidencial 2018
Após quatro anos de Lava Jato e crise econômica, assuntos foram os mais presentes na pauta de presidenciáveis durante encontro na Band
Após quatro anos marcados pela Operação Lava Jato e pela crise econômica no Brasil, o primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República nas eleições de 2018 foi marcado por discussões, entre outros temas, sobre corrupção, economia e a gestão das contas públicas.
Candidato mais escolhido pelos adversários para responder perguntas, Geraldo Alckmin (PSDB) foi criticado pela aliança com o grupo de partidos conhecido como Centrão e respondeu alegando a necessidade de buscar “governabilidade”. Um dos menos acionados, Ciro Gomes (PDT) reclamou de sofrer “bullying” dos adversários.
Enquanto os postulantes com mais experiência no Executivo, casos de Alckmin, Ciro, Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB) procuraram exaltar seus feitos e passagens de destaque, outros, casos de Cabo Daciolo (Patriota) e Jair Bolsonaro (PSL), se concentraram em criticar a “velha política” e defender a substituição dos atuais políticos.
Marina Silva (Rede), apesar de ter sido ministra do Meio Ambiente e senadora, não falou muito sobre suas passagens anteriores. Também sem experiência política, Guilherme Boulos (PSOL), que pediu a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não falou tanto sobre mudanças radicais na política, se limitando a defender medidas duras contra excessos que enxerga no setor financeiro e na falta de cobrança de impostos sobre os mais ricos.
Atual presidente, Michel Temer (MDB) apareceu no debate apenas como uma “batata quente”. Candidato do seu partido, Henrique Meirelles disse novamente ser o candidato do seu histórico e, sempre que relacionado ao governo, lembrava de ter também comandado o Banco Central no governo Lula. Tentando relacionar candidatos de outros partidos que participaram do governo ao presidente impopular, em especial Alckmin, Boulos disse haver “cinquenta tons de Temer” no debate.
Os candidatos recorreram, algumas vezes, a figuras externas que imaginaram ter potencial para impulsionar as suas candidaturas. Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro mencionaram diversas vezes seus candidatos a vice. O tucano mencionando diretamente a senadora Ana Amélia (PP-RS), enquanto o candidato do PSL exaltava a posição de general da reserva do seu parceiro de chapa, Hamilton Mourão (PRTB). Em outras quatro oportunidades, Alvaro Dias prometeu nomear o juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato, para o Ministério da Justiça.
Em um debate sem grandes novidades por parte dos candidatos, Cabo Daciolo, o controverso ex-bombeiro que se lançou candidato à Presidência pelo Patriota depois que o partido não conseguiu um acordo com Bolsonaro, chamou a atenção nos mecanismos de busca e redes sociais com suas frases de efeito e críticas aos adversários.
Entre as propostas apresentadas pela primeira vez em nível nacional, surgem a promessa de Ciro Gomes de retirar 63 milhões de brasileiros da lista de quem tem “nome sujo” a partir de uma intervenção do estado nas negociações com os credores e a incorporação, por parte de Alckmin, da proposta do Solidariedade e da Força Sindical de permitir que os sindicatos aprovem contribuições que substituam o antigo imposto sindical nas convenções de trabalhadores.
Mediado pelo jornalista Ricardo Boechat, o encontro ocorreu na TV Bandeirantes e teve duração de cerca de três horas, com a participação de oito candidatos: Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede). O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT, não pôde participar porque não conseguiu autorização judicial para deixar a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso desde o dia 7 de abril em razão de sua condenação na Lava Jato.