Anúncio antecipado de sucessor de Arthur Lira contraria o governo
Presidente da Câmara pretende formalizar nos próximos dias o nome de seu indicado para o posto
Brasília vive momentos de expectativa com a possibilidade de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciar nos próximos dias o parlamentar que ele apoiará na disputa pelo comando da Casa. Entre os cotados estão os deputados Elmar Nascimento (União-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA).
As eleições estão marcadas somente para fevereiro de 2025, mas Lira já disse que pretende formalizar ainda em agosto o seu candidato de preferência. Tamanha antecipação é inédita no pleito e contraria, inclusive, o esforço do governo.
Auxiliares palacianos defendiam que Lira fizesse esse movimento somente em novembro, justificando o prazo, oficialmente, com o fim das eleições municipais.
Na prática, porém, o governo teme que a antecipação do debate gere um prolongado clima de disputa e ainda sirva para pressionar o Planalto a aderir ao candidato de Lira enquanto ele ainda detém uma caneta cheia de tinta.
Em outras palavras, o receio é o de que o presidente da Câmara use os últimos meses de comando para mostrar força e como um instrumento de pressão – uma eventual resistência a seu indicado, afirmam, poderia provocar o avanço de pautas constrangedoras ou travar a agenda prioritária.
Lira: mais força para compor
Lira, claro, também tem em mente que terá muito mais força agora do que em novembro. Por isso, seus interlocutores afirmam que tornar público o seu indicado visa conter defecções e ter tempo para recompor alianças com deputados que eventualmente se sintam preteridos na escolha. Enquanto o presidente tenta uma candidatura de consenso, parlamentares ainda resistem a abrir caminho.
Além disso, como mostrou VEJA, costuma ser lembrado nos corredores da Câmara o desfecho de Rodrigo Maia, antecessor de Lira na presidência.
O então todo-poderoso parlamentar demorou a anunciar seu candidato e, quando o fez, no mês de dezembro, os adversários já estavam todos amarrados com uma base de apoio, conquistada por meio da promessa de distribuição de cargos e de funções definidas no caso de vitória. Com uma base consolidada, Lira acabou vencendo o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) na ocasião.
Maia, então, voltou à planície, deixou a Câmara para assumir uma secretaria em São Paulo e na eleição seguinte acabou sem sequer ser candidato. Como não é segredo para ninguém, Lira tem planos ambiciosos no próximo pleito, e vislumbra ser candidato ao Senado em 2026.