Mesmo os oposicionistas mais otimistas admitem que dificilmente o ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) não vai se eleger ao Senado na eleição deste ano. A força eleitoral conquistada quando administrou o estado é o principal motivo apontado pelos governistas e pelos adversários para acreditarem que o petista tem uma cadeira cativa no Congresso, no próximo ano.
Pesquisas recentes apontam nesta direção. Segundo levantamento do Ibope divulgado na semana passada, se a eleição fosse hoje, Wagner teria 34% das intenções de votos. O favoritismo do petista pode ser medido na comparação com outros estados.
O ex-governador da Bahia tem melhor desempenho entre os postulantes ao Senado de São Paulo, Rio e Minas. No maior estado do país, Eduardo Suplicy (PT) lidera com 28%, seis pontos percentuais a menos do que o ex-ministro.
Diante deste cenário, abriu-se uma verdadeira guerra entre três candidatos pela segunda vaga ao Senado. De acordo com o Ibope, o ex-integrante da banda Olodum e deputado federal Irmão Lázaro (PSC) ficaria com o posto com 23% das intenções de votos. O social-cristão teve de travar uma briga com seu correligionário, o deputado federal Jutahy Magalhães Júnior (PSDB), que tem 14%.
O tucano era contra a presença do cantor-político na disputa pelo Senado com receio de perder votos para o aliado, mas diante da resistência do grupo do prefeito ACM Neto (DEM) acabou cedendo, e Irmão Lázaro ficou na composição. Antes do nome do social-cristão aparecer nas consultas, Jutahy ficava em segundo lugar.
Quebra de tradição
Se as pesquisas se confirmarem e um oposicionista for eleito, haverá uma quebra de tradição na Bahia. Desde 1986, quando voltou a ter eleição direta no país, os governistas sempre elegeram os senadores. Desta vez, o segundo candidato do grupo que está no poder não desponta bem nos levantamentos para o Senado. Presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Angelo Coronel (PSD) é apenas o quarto colocado com 7% das intenções.
Para tentar se eleger, o chefe do Legislativo baiano tem usado até uma camisa com a foto do ex-presidente Lula estampada e a frase “Lula Livre”. Coronel acredita que pode inverter o jogo. “As pesquisas ultimamente na Bahia não têm retratado a vontade do povo. Na última eleição, [o governador e candidato à reeleição] Rui Costa e [o senador] Otto Alencar tinham 5% e 4%, e acabaram vencendo. Respeito os institutos, mas, se pesquisa definisse resultado, não precisaria de eleição”, afirmou a VEJA. Ele nega que faça campanha pela soltura de Lula para ter benefícios eleitorais.
“Já fizemos uma audiência na Assembleia contra a prisão de Lula, porque entendemos que parte da Justiça está indo de encontro à Constituição, que diz que só se prende em flagrante ou com trânsito em julgado. Não é exploração do nome de Lula. Esse grupo faz parte do projeto encabeçado por Lula. Acho que a oposição diz isso porque deve estar com ciúmes por não ter um Lula para se apegar”, frisou.