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Advogado ligado a Flávio que tentou atrapalhar inquérito é exonerado

Luis Gustavo Botto Maia, um dos alvos da Operação Anjo, estava lotado no gabinete de um deputado bolsonarista no Rio

Por Cássio Bruno Atualizado em 23 jun 2020, 10h15 - Publicado em 23 jun 2020, 09h52
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  • Um dos alvos da Operação Anjo, o advogado Luis Gustavo Botto Maia foi exonerado nesta terça-feira, 23. A decisão saiu no Diário Oficial. Ele estava nomeado no gabinete do deputado estadual bolsonarista Renato Zaca (sem partido) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). De acordo com o Ministério Público, Botto Maia tentou enganar os promotores do caso e a Justiça no esquema da “rachadinha” envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) e o ex-assessor Fabrício Queiroz, preso semana passada em São Paulo, com a destruição e ocultação de provas. A denúncia do MP, de 80 páginas, afirma que Botto Maia “extrapolou todos os limites do exercício da advocacia” e passou a atuar “de forma criminosa”.

    “Depois de receber as ordens e instruções do Dr. Luis Gustavo Botto Maia, de Alessandra Esteves Marins e de Fabrício José Carlos de Queiroz nos dias anteriores, a ex-assessora Luiza Paes Souza, finalmente, compareceu à Alerj no dia 24 de janeiro de 2019, onde se encontrou com o servidor Matheus Azeredo Coutinho e efetivamente adulteram as provas dos crimes de peculato ao inserirem informações falsas em documentos públicos, assinando retroativamente os registros de pontos relativos ao ano de 2017, com a clara finalidade de embaraçar as investigações acerca da organização criminosa que desviava recursos públicos pelo esquema das rachadinhas com atuação de funcionários fantasmas”, escreveram os promotores na denúncia ao juiz da 27ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), Flávio Itabaiana Nicolau.

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    Alessandra Esteves Marins está lotada atualmente no gabinete de Flávio Bolsonaro no Senado. Antes, ela trabalhou com Flávio na Alerj. Em maio do ano passado, a Justiça quebrou o sigilo financeiro dela. Alessandra também foi alvo de busca e apreensão na Operação Anjo. Assim como Matheus Azeredo Coutinho, ex-auxiliar do Departamento de Legislação, ligado à Diretoria de Recursos Humanos da Assembleia. Entre as funções dos comissionados deste departamento está atualizar os cadastros dos parlamentares e dos servidores ativos e inativos. Matheus também foi exonerado.

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    “Luis Gustavo Botto Maia colaborou de forma decisiva para embaraçar a investigação penal, pois, ao ser avisado sobre a existência das folhas de ponto em branco que poderiam comprovar a atuação de funcionários fantasmas na organização criminosa, forneceu o contato telefônico de Luiza Souza Paes e Matheus Azeredo Coutinho e ainda trocou mensagens de texto e áudio com a servidora fantasma para aplacar o temor de se tratar de algo perigoso, induzindo-a a encontrar o servidor do Departamento de Legislação de Pessoal para juntos adulterarem os documentos públicos”, afirma o MP.

    Os tentáculos de Luis Gustavo Botto Maia vão além. De acordo com o MP, o advogado participou do planejamento de fuga de Fabrício Queiroz e da família dele em dezembro de 2019. Os promotores encontraram mensagens sobre o assunto nos celulares de Queiroz e de sua esposa Márcia Aguiar, que está foragida. À época, eles teriam a ajuda de Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio) e apontado como líder de um grupo de milicianos. A trama incluiu Raimunda Magalhães Veras, mãe de Adriano, morto em uma operação da polícia da Bahia, em fevereiro deste ano. Raimunda e a ex-mulher do miliciano Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega já foram nomeadas no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj.

    Queiroz foi preso em Atibaia, no interior de São Paulo. Ele estava em um imóvel que funcionava como escritório de advocacia de Frederick Wassef, ligado à família Bolsonaro. A Operação Anjo é uma referência a Wassef já que seu apelido é “Anjo”. Na denúncia, os promotores dizem ter indícios de que Botto Maia se reuniu com Wassef e Queiroz no esconderijo em Atibaia. A força-tarefa do MP afirma ainda ter “provas robustas e consistentes” para pelo menos três crimes: peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. No organograma do grupo, Queiroz é apontado como operador financeiro de um esquema liderado pelo senador Flávio Bolsonaro. Na ação, foram apreendidos de Botto Maia telefones celulares, computadores e documentos comprobatórios de adulteração de provas e de intimidação de testemunhas. O advogado está proibido de ter contato com pessoas envolvidas na investigação.

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    Desde abril deste ano, Botto Maia estava lotado no gabinete do deputado Renato Zaca. Tinha salário de R$ 9,8 mil. Antes, o advogado ocupava um cargo na liderança do PSL na Alerj.

    Luis Gustavo Botto Maia foi o responsável pelas contas eleitorais da campanha de Flávio Bolsonaro ao Senado, em 2018, e também do PSL. O Corpo de Bombeiros foi o elo para os dois se conhecerem, em 2011, durante uma greve da corporação. Um dos líderes do movimento, o SOS Bombeiros, tinha na liderança o capitão Lauro Botto, irmão de Luis. Em 2014, Lauro foi candidato a deputado federal pelo PHS, mas perdeu.

    Botto Maia foi nomeado pela primeira vez na Alerj, em 2019, como chefe de gabinete da liderança do PSL, quando o deputado bolsonarista Dr. Serginho (Republicanos) era o líder do partido. Após o racha no PSL entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e do governador Wilson Witzel, Botto Maia foi transferido para o gabinete de Renato Zaca. O advogado recebeu a medalha “Avante Bombeiro” das mãos do comandante da Defesa Civil, Roberto Robaday. A honraria é dada para quem tenha “ações que geraram benefícios consideráveis” à corporação.

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    Procurado por VEJA, Luis Gustavo Botto Maia não foi localizado.

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