Bolsonaro nega tentativa de golpe e pede anistia a presos por 8 de Janeiro
Em discurso em ato que reuniu milhares na Paulista, ex-presidente afirmou que minuta sobre Estado de Defesa não poderia ser instituída sem o Parlamento
O ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu milhares de apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 25, em uma tentativa de mostrar apoio popular em meio às investigações contra ele. A manifestação também contou com a presença de diversos aliados políticos do ex-capitão, como os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO) e Jorginho Mello (SC), além do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. O ato teve discursos do próprio Bolsonaro, de Michelle Bolsonaro, de Silas Malafaia e de Tarcísio, entre outros.
Em sua fala, o ex-presidente se disse vítima de perseguição, negou qualquer tentativa de golpe e falou sobre a chamada minuta golpista. “O que é golpe? É tanque na rua, é arma, é conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado, empresariais. É isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil”, afirmou o ex-presidente. Ele também classificou o documento que circulou em seu governo com instruções para anular o resultado das eleições – que ficou conhecido como “minuta do golpe” – era apenas um decreto de estado de defesa que não poderia ser instituído sem autorização do Parlamento.
Além de negar a conspiração para um golpe de Estado, Bolsonaro fez um apelo ao Congresso por um projeto de anistia aos presos por participação nos atentados de 8 de janeiro de 2023, quando centenas de seus apoiadores invadiram e destruíram os prédios dos Três Poderes, em Brasília. “Quem por ventura depredou o patrimônio, que nós não concordamos com isso, que pague, mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade”, afirmou. O ex-presidente evitou ataques diretos ao STF em sua fala.
Os aliados de Bolsonaro presentes no ato
Em declaração a VEJA, Tarcísio afirmou: “Eu confio muito no Bolsonaro e a gente está aqui para dizer: ‘Estamos com ele'”. Já Nunes chamou a manifestação de “um ato de democracia”.
Seguindo a recomendação do ex-presidente, os apoiadores evitaram levar cartazes com ataques ao Supremo Tribunal Federal e ao ministro Alexandre de Moraes. Por outro lado, um dos filhos do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro, classificou o inquérito que mira Bolsonaro como “um grande teatro” e criticou a atuação do magistrado. “Ele faz tudo: ele investiga, ele determina as diligências, ele vai julgar e ele já vai condenar. É triste isso, é um grande sintoma de que a democracia não está saudável no Brasil hoje”, disse Flávio a VEJA. Silas Malafaia, um dos organizadores do evento, também criticou por diversas vezes Moraes em seu discurso na manifestação. Já no fim de sua fala, o pastor se virou para Bolsonaro e disse: “Se eles te prenderem, você vai sair de lá exaltado”.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fez um dos primeiros discursos do ato. Vista pelo PL como uma força política para futuras eleições, Michelle se emocionou durante sua fala e proferiu um discurso de tom religioso.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, usou seu discurso para exaltar o legado do governo Bolsonaro, do qual foi ministro da Infraestrutura. Tarcísio destacou medidas tomadas na gestão do ex-presidente, como o auxílio emergencial e a implementação do Pix, e fez uma fala com forte tom presidenciável, apesar de ter negado que vá disputar o Planalto em 2026.