Em meio ao aumento da tensão e dos distúrbios na região conhecida como cracolândia, no centro da cidade de São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que vai inaugurar nesta terça-feira, 11, o Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. O novo ponto de referência da investida contra o problema vai ocupar o lugar do Cratod (Centro de Referência de Álcool Tabaco e Outras Drogas), que funcionava desde 2012 e foi reformulado para dar lugar a esse novo projeto.
O governo Tarcísio promete com isso ampliar a assistência aos dependentes químicos. Nesta segunda-feira, 10, no evento que marcou os cem dias de sua gestão, o governador anunciou que o Hub fará 700 atendimentos clínicos e até 6.000 atendimentos sociais por mês. Ele também informou que está em andamento a contratação de 200 profissionais para abordagem qualificada de usuários de droga e a compra de câmeras de monitoramento para o centro de São Paulo — medidas anunciadas no fim de janeiro, mas que ainda não saíram do papel.
Como VEJA mostrou na semana passada, o início do funcionamento do Hub de Cuidados estava previsto para março, mas foi adiado por atrasos na reforma. Servidores do Cratod afirmam que a obra teve início em 21 de março e, desde então, os atendimentos estão suspensos. Os usuários que procuram o serviço são orientados a buscar outros equipamentos de saúde da região. Em 23 de março, o governo exonerou o diretor do Cratod, Marcelo Ribeiro, que ocupava o cargo desde 2013. A gestão agora ficará a cargo da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), que indicará um novo diretor. A organização social é presidida pelo psiquiatra Ronaldo Laranjeira, conhecido por defender a abstinência e a internação involuntária e compulsória como tratamento para dependentes químicos — alternativa refutada por muitos especialistas.
Reportagem de VEJA mostrou como Tarcísio e o prefeito da capital, Ricardo Nunes(MDB) anunciaram no início do ano um ambicioso plano para tentar colocar fim à tragédia humanitária no centro da maior cidade do país e que desafia os governantes desde meados dos anos 1990. O pacote pretende reunir políticas de saúde, urbanísticas, econômicas e de segurança para tentar equacionar o problema.
Enquanto o programa não sai do papel, no entanto, a crise só aumenta. Na sexta-feira, 7, usuários de droga saquearam uma farmácia e um mercado na área. A tensão cresceu após uma ação da prefeitura e polícias Militar e Civil para dispersar dependentes e desmontar tendas usadas para o tráfico de drogas. Nos últimos dias, também houve confronto entre as forças de segurança e os frequentadores da cracolândia, que colocaram fogo em sacos de lixo e caixas de madeira na rua.