A noite do último domingo, 27, foi um divisor de águas para a campanha do pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro. Oficialmente uma reunião foi agendada para a casa do ex-juiz em Curitiba para mais uma rodada de aconselhamentos políticos com a cúpula do Podemos e de promessas de que o desempenho estacionado entre 6% e 9% seria alavancado naturalmente na medida em que se aproximassem as semanas que antecedem a data do primeiro turno. Na realidade, acabou por ser o empurrão que faltava para o ex-magistrado da Lava-Jato deixar o partido e anunciar, na quinta 31, sua filiação ao União Brasil.
A advogada Rosangela Moro, esposa de Moro, protagonizou os momentos mais tensos do encontro ao cobrar dos senadores paranaenses Alvaro Dias, Oriovisto Guimarães e Flávio Arns, todos do Podemos, maior empenho na defesa da candidatura de Moro. Rosangela que em ocasiões anteriores já havia afirmado a interlocutores que o partido mais atrapalhava do que ajudava o marido, ouviu dos parlamentares, em resposta, que a pré-campanha morista estava fora da realidade ao exigir altas cifras para atividades políticas e viagens de promoção do candidato. Alvaro Dias, que havia concorrido à presidência pela sigla em 2018 gastou pouco mais que 6 milhões de reais, enquanto o staff de Moro havia estimado em pelo menos dez vezes mais as despesas de sua campanha para este ano.
Além da cobrança pessoal da advogada Rosângela Moro, a reunião final de Moro com a cúpula do Podemos foi marcada por críticas à presidente da sigla Renata Abreu por priorizar financeiramente a eleição de deputados federais e por uma sequência de indiretas para que Sergio Moro procurasse um partido com maior estofo eleitoral para suas pretensões. No dia seguinte, o ex-juiz se reuniu com o presidente do União Brasil Luciano Bivar e na quinta anunciou sua filiação à sigla, detentora de cerca de 800 milhões de reais de fundo eleitoral.