Na tentativa de reverter o processo de encolhimento que enfrenta desde os casos de corrupção desvendados pela Operação Lava-Jato, o PT vai apostar na estratégia de nacionalizar o debate nas eleições municipais deste ano. O objetivo é recuperar o comando de prefeituras consideradas importantes para o partido que, desde 2014, tem visto esse número diminuir ano após ano.
Em 2012, antes da Lava-Jato e durante o governo da presidente Dilma Rousseff, a legenda controlava 630 prefeituras no País. Em 2016, quando os escândalos na Petrobras já começavam a eclodir, esse número caiu para 254. Hoje, o PT administra apenas 179 prefeituras – e a lista pode diminuir ainda mais a partir de 2025.
Eleições municipais geralmente são pouco contaminadas por assuntos das disputas nacionais. Os eleitores que vão às urnas em outubro estão mais interessados em escolher um candidato que tenha as melhores respostas para problemas do dia a dia da cidade, como os relacionados à educação, à saúde e à segurança.
Neste ano, porém, o PT tem a intenção de inverter essa lógica, orientando seus candidatos a nacionalizar o debate. A recomendação dada pelo partido é de que os postulantes aos cargos em 2024 destaquem sempre que possível os programas implantados pelo governo Lula na cidade onde a disputa acontece.
“Estamos em um ano crucial, em que a agenda geral do Brasil tem que se materializar numa agenda municipal”, disse João Brant, secretário nacional de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República. “Quais são os investimentos do governo federal na sua cidade? Por exemplo, se na sua cidade você sabe que muita gente retira medicamentos de graça na Farmácia Popular, isso vai ser crucial para montar sua estratégia vitoriosa, porque você poderá dialogar com esse público”, afirmou Brunna Rosa, secretária nacional de Estratégia e Redes da Secom – uma das responsáveis por gerenciar as redes sociais da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. Como mostrou VEJA, os dois ministram aulas para a militância atuar na disputa municipal.
Essa estratégia de vincular os debates municipais às ações do governo federal tem um objetivo explícito: pavimentar caminhos para a reeleição do presidente Lula nas eleições de 2026. No entendimento da cúpula petista, o sucesso do projeto do PT na próxima disputa presidencial dependerá do desempenho eleitoral da legenda e de suas coligações nas eleições de 2024.