Desde o início do ano, o presidente Lula participou de quatro eventos relacionados às Forças Armadas. No dia 18 de janeiro, ele foi à Bahia participar da assinatura de um acordo sobre o Parque Tecnológico Aeroespacial. No dia seguinte, no Recife e em Fortaleza, participou de evento do Comando Militar do Nordeste, da inauguração de uma escola de sargentos e ainda esteve no lançamento do campus do ITA, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica.
A presença do presidente nas cerimônias foi recebida como um gesto de pacificação, após o primeiro ano de mandato ser marcado pelo distanciamento e pela desconfiança com os fardados. Durante o giro, o presidente fez questão de enaltecer o trabalho dos militares.
“Sei da vocação e da capacidade de luta dos nossos ambientalistas, sei de tudo isso. Mas o que a gente tem que fazer é agradecer alguma coisa. Se não fosse o Exército ter essa área, ainda teria alguma árvore aqui? Ou seria tudo transformado em favela e ocupação desordenada?”, afirmou durante evento no Recife. O local da construção da escola é contestado por ambientalistas justamente em decorrência da destruição de árvores.
Apesar do aceno do presidente, uma ausência, segundo militares e governistas, chamou a atenção. A primeira-dama Janja, que costuma seguir o presidente nas viagens nacionais e internacionais, além de acompanhar reuniões oficiais, não foi a nenhum dos eventos. Não foi à toa, dizem.
Distância regulamentar
Como é sabido, a primeira-dama foi uma das principais vozes ao redor do presidente a tentar afastar os militares do entorno dela e do marido tão logo ele venceu a eleição. Janja quis impedir, por exemplo, que Lula viajasse em um voo pilotado por militares – o que seria impossível, visto que as aeronaves oficiais são todas da Força Aérea Brasileira.
Ela conseguiu, por outro lado, barrar que a sua segurança pessoal fosse feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), formado também pelos fardados. Dessa maneira, enquanto o presidente recebe a proteção dos militares, a primeira-dama fica protegida por agentes da Polícia Federal.
Também coube a Janja aconselhar o presidente Lula a não aceitar o acionamento de uma ação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no 8 de janeiro, o que levaria os militares às ruas. Conforme o presidente disse em entrevista à GloboNews, a primeira-dama teria comentado que a medida seria “tudo o que eles” queriam, que era justamente “tomar o governo”.
Por essas e por outras, nada indica que a primeira-dama comparecerá aos próximos eventos das Forças Armadas.