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A articulação política do governo: o “toma lá” e o “dá cá”

VEJA revelou que o ministro Luiz Eduardo Ramos tem lista de 13.000 cargos para pressionar parlamentares infiéis - a notícia repercutiu mal no Congresso

Por Da Redação Atualizado em 6 mar 2020, 10h18 - Publicado em 6 mar 2020, 06h00

O governo federal tem milhares de cargos de livre provimento em áreas importantes da saúde, da educação, da Previdência. São postos que geram poder para seus ocupantes e muitos votos para seus padrinhos — entre outras coisas. Por isso são disputadíssimos pelos políticos, e o governo tradicionalmente os usa como instrumento de barganha, com deputados e senadores indicando seus afilhados. Em troca, eles aprovam os projetos de interesse do governo. Essa prática ficou conhecida como a política do “toma lá dá cá” e, nos últimos anos, também se transformou numa inesgotável fonte de escândalos. Na campanha, o presidente Bolsonaro prometeu acabar com ela. Na semana passada, uma reportagem de VEJA revelou que o ministro Luiz Eduardo Ramos tem em mãos uma lista de 13  000 cargos, com seus respectivos padrinhos, e pretende usá-la para pressionar os parlamentares infiéis. A notícia repercutiu mal. O líder do PSL no Senado, Major Olimpio, enviou um requerimento a Ramos solicitando que sejam revelados os nomes dos apaniguados e seus padrinhos. “Isso é preocupante e pode violar os princípios da administração pública”, disse o senador.

Desde julho do ano passado, Ramos ganhou a missão de cuidar da articulação política do governo. Amigo de longa data do presidente, o ministro fez um amplo levantamento para identificar os responsáveis pelas indicações para cargos estratégicos na administração pública. Durante as tensas negociações entre o Congresso e o Planalto nos últimos dias, ele foi criticado por não honrar acordos com os parlamentares. Ao se justificar, disse a um senador: “Sou apenas um soldado que cumpre ordens”. Um detalhe curioso: o general tem como conselheiro o ex-deputado comunista Aldo Rebelo, que foi ministro durante os governos de Lula e Dilma. Eles se aproximaram nos corredores do Congresso quando Ramos atuava como assessor parlamentar do Exército.

Em sua defesa, o governo não vê o listão de cargos como prova da resiliência do “toma lá dá cá”. Diz um assessor do presidente: “Esses cargos já estavam ocupados por indicação política desde os governos do PT”. E ressalta: “Estamos apenas fazendo uma checagem se os parlamentares responsáveis pela indicação querem continuar contribuindo com o atual governo”. Em outras palavras, o governo Bolsonaro não sucumbiu ao “toma lá”. Por enquanto, está apenas cobrando o “dá cá”.

Publicado em VEJA de 11 de março de 2020, edição nº 2677

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