Paulo Guedes deve desculpas aos brasileiros
Thomas Traumann analisa as recentes declarações do ministro da Economia
O ministro Paulo Guedes rebaixou o Brasil a uma republiqueta de terceira categoria. Em entrevista na segunda-feira, 25, em Washington, Guedes afirmou que as pessoas não devem se assustar com a ideia de alguém pedir um novo AI-5 diante da radicalização de possíveis protestos, como os que vêm ocorrendo no Chile. Ele fez referência ao Ato Institucional baixado pelo presidente Costa e Silva em dezembro de 1968 que aprofundou a repressão da ditadura militar.
Mesmo nos momentos mais turbulentos da história brasileira, nunca nenhuma autoridade falou em fechar o Congresso ou baixar medidas de exceção para combater manifestações. Por que? Porque democracia é assim. É barulhenta. As pessoas, quando estão zangadas, vão para as ruas sim. E se Guedes não fizer um bom trabalho, se o emprego não voltar, haverá manifestações. É parte do jogo. Assim como Bolsonaro fazia manifestações contra o PT, o PT vai fazer contra o atual governo.
Paulo Guedes é o ministro mais poderoso do Brasil. Sua função principal é fazer a economia do país voltar a crescer. E não é baixando medidas autoritárias que ele vai conseguir isso. Na verdade, a mensagem que ele passa é que o país anda instável e que o governo não consegue conviver com oposição, além de um ministro da economia que não conhece democracia. Só espanta os investidores estrangeiros.
Com democracia não se brinca.