Milhares de pessoas protestaram nesta quarta-feira nas ruas de Cabul, capital do Afeganistão, para pedir o fim da violência contra os hazaras, uma minoria xiita. Sete deles foram decapitados na semana passada no sudeste do país.
Aos gritos de “Vingança!” e “Respeito!”, os manifestantes, muitos deles hazaras, se dirigiram para o palácio presidencial levando os caixões das sete vítimas. É a maior manifestação dos últimos anos no país.
“Hoje matam a nós, amanhã atingirão vocês”, afirmava um cartaz em referência aos talibãs e ao grupo Estado Islâmico, apontados como os autores da decapitação de quatro homens, duas mulheres e uma criança.
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Quando os manifestantes se aproximaram do palácio presidencial, foram ouvidos sons de tiros. Sayed Gul Agha Rohani, chefe adjunto da polícia em Cabul, afirmou que os disparos foram feitos para cima, para dispersar a multidão, e que ninguém ficou ferido, sem informar se os autores eram membros da polícia, do exército ou da guarda presidencial.
“Por muito tempo, temos sido enterrados em silêncio” disse Mohamad Ishaq Mowahidi, um dos organizadores do protesto. “O caminho lógico agora é entregar os caixões como um presente ao governo”. Os corpos foram descobertos no domingo pelas autoridades na província de Zabul. As circunstâncias das decapitações ainda são desconhecidas, e ocorreram em uma zona fora do controle do governo.
Os hazaras, em sua maioria xitas, representam 10% da população afegã. Entre 1996 e 2001, eles foram vítimas da perseguição dos talibãs sunitas quando este grupo dirigia o país. Eles alegam que as autoridades não protegem o suficiente a comunidade.
“Ghani, demissão! Abdullah, demissão”, gritaram os manifestantes em referência ao presidente Ashraf Ghani, da etnia pashtum, majoritária, e ao chefe do executivo, Abdullah Abdullah, de pai pashtum e mãe tadjique. Ghani assegurou que suas tropas farão todo o possível para encontrar os assassinos dos hazaras decapitados e condenou os assassinatos que, segundo ele, querem “semear a discórdia e o medo no Afeganistão”.
Há vários dias duas facções talibãs, uma leal ao mulá Ajtar Mansur, sucessor oficial do falecido mulá Omar, e outra fiel ao mulá Mohamed Rasul, designado na semana passada chefe de uma facção rival, estão em confronto.
(Com AFP)