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Correa consegue a condenação de jornal e aprofunda confronto com a imprensa

Por Por Alexander Martínez
21 jul 2011, 18h40

O presidente do Equador, Rafael Correa, conseguiu uma dura condenação judicial por injúria contra os donos do tradicional jornal de Guaiaquil, El Universo, como parte de uma ofensiva contra a grande imprensa do país, à qual acusa de “corrupção” e de conspirar contra seu governo.

Um magistrado de jurisdição de primeira instância sentenciou, nesta quarta-feira, a três anos de prisão e ao pagamento de 40 milhões de dólares a título de indenização o diretor do jornal, César Pérez, os subdiretores Carlos e Nicolás Pérez, e o ex-editor de opinião Emilio Palacio, por um artigo escrito por este, no dia 6 de fevereiro.

Ambas as partes anunciaram nesta quinta-feira que vão apelar da sentença, pelo que ficaram suspensas a ordem de prisão e o pagamento em dinheiro: 30 milhões de dólares por parte dos condenados e 10 milhões por conta do jornal.

Correa também vai apelar, para exigir os 80 milhões de dólares que pediu inicialmente, afirmando, no entanto, que não ficará com “um centavo” sequer do dinheiro.

“É um marco histórico, acabou-se com o mito da imprensa onipotente que pode fazer o que quiser”, disse Correa, acrescentando que também foi dado um fim à “estratégia de permitir que um desclassificado injurie alguém” impunemente, acrescentou.

César Pérez, diretor do jornal de Guaiaquil – capital econômica do Equador e cidade mais povoada do país, com 3,6 milhões de habitantes, fundado há 90 anos – afirmou que a sentença, rejeitada por várias organizações internacionais, “foi para nos calar”.

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O juiz “quer fazer com que trememamos a mão ao escrever sobre a corrupção e cair no pior, a autocensura”, afirmou.

A disputa entre Correa e a imprensa acontece num cenário de vazio de liderança, por parte da oposição.

“A maioria dos meios caiu na rede estendida pelo presidente de levar tudo para o campo político, transformando-os em atores da oposição, quando são apenas atores sociais”, disse à AFP o analista José Villamarín, catedrático da Universidade Central (pública).

Para Isabel Ramos, especialista em mídia da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), algumas empresas jornalísticas no Equador, como em outros países da região, ocuparam o espaço deixado por instituições políticas “desprestigiadas”.

“A mídia começou a usar políticamente esse espaço, seguindo uma tendencia regional questionada por governos contrários a políticas neoliberais, como no caso de Argentina, Bolívia, Equador ou Venezuela”, disse à AFP.

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Correa entrou com uma queixa na justiça por um artigo no qual Palacio o acusou de “ditador” e de ter ordenado abrir fogo contra um hospital no dia 30 de setembro de 2010, durante uma rebelião policial por reajustes salariais, questionando, assim, sua afirmação de que, nessa ocasião, os opositores tentaram derrubá-lo.

Desde que chegou ao poder, em 2007, Correa, um economista de esquerda de 48 anos, formado nos Estados Unidos, passou a combater um setor da imprensa, ao qual chama de “poder fático, medíocre e corrupto”, e que faz política oculta.

Com essa disposição de espírito, no dia 7 de maio deste ano conseguiu que fosse aprovado um referendo dando sinal verde para que o Congresso aprovasse uma lei de comunicação, criando um órgão de regulação dos conteúdos da imprensa, o que os jornalistas denunciam como uma tentativa de censura.

A consulta também proibiu que os bancos e a mídia realizem investimentos fora de seus setores. A Constituição de tendência socialista, promulgada em 2008, já havia proibido aos banqueiros possuir meios de comunicação.

Anteriormente, em fevereiro passado, Correa entrou com uma ação por “dano moral” contra os jornalistas Juan Carlos Calderón e Christian Zurita, autores do livro “El gran hermano”, que revelou contratos assinados com o Estado por seu irmão Fabricio, no valor de 100 milhões de dólares. Correa anulou imediatamente esses contratos e pediu uma reparação de 10 milhões de dolares.

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