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A briga por Neymar: por que Mano e Ronaldo estão errados

Na polêmica sobre o craque jogar ou não na Europa, cada um puxa para o seu lado. Para o torcedor, porém, não há dúvidas: melhor manter Neymar em casa

Por Da Redação
16 abr 2012, 10h48

Ao invés de torcer para ver Neymar jogando na Europa, Mano e seu chefe, Andrés Sanchez, poderiam marcar partidas mais desafiadoras que os amistosos recentes contra Costa Rica, Gabão, Egito e Bósnia

Neymar começou o fim de semana provando que é um astro – e o terminou mostrando por que é um craque. No sábado, conseguiu ofuscar até Pelé na festa do centenário do Santos. As imagens do jogador cercado de crianças no gramado da Vila Belmiro foram reproduzidas mundo afora. No domingo, Neymar entrou em campo pelo Campeonato Paulista, e manteve sua rotina de gols, assistências e grandes jogadas. Ninguém tem dúvidas de que é o melhor jogador brasileiro em atividade – e, evidentemente, o mais cobiçado pelos clubes mais ricos do planeta, que oferecem valores astronômicos por ele. O fato de ele ainda jogar no país torna o fenômeno Neymar ainda mais raro. Ainda assim, não faltam figuras influentes na defesa da tese de que o craque está perdendo seu tempo ao permanecer no Santos (confira as opiniões no quadro). A começar pelo técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, que não esconde de ninguém que preferia ver Neymar vestindo a camisa do Barcelona ou do Real Madrid. Ronaldo, sócio da empresa de marketing que administra a imagem do jogador, também não para de pedir sua transferência para a Europa – mesmo que, a cada declaração nesse sentido, seja criticado por causa de um possível conflito de interesses ao manifestar tal opinião (com Neymar na Europa, surgiriam novos negócios, e as comissões da 9ine ficariam ainda mais gordas). Faltou só consultar o torcedor brasileiro. E, para ele, parece não haver dúvidas: o melhor mesmo é ter Neymar em casa, mostrando seu futebol extraordinário nos estádios do próprio país. Prováveis exceções são os mais fanáticos torcedores dos times rivais, loucos para ver o craque bem longe, sem incomodar os zagueiros de seus clubes preferidos. Mas a importância da permanência de Neymar é evidente (leia mais na lista abaixo). A dois anos da Copa do Mundo no país, o jogador pode fazer a diferença entre uma seleção vista com antipatia pelo brasileiro e uma equipe empurrada por uma torcida animada; entre um público desiludido com a escassez de craques e um país fascinado com um grande ídolo.

Os argumentos mais frequentes para sugerir que Neymar faça as malas e vá jogar em Madri, Manchester ou Milão se baseiam no fato de que, como atleta de um grande clube europeu, ele poderá evoluir ainda mais, além de se acostumar a enfrentar os melhores times do planeta. De fato, faria bem a Neymar encarar defensores mais fortes e aprender com as situações adversas. Mas a rotina de um jogador como Lionel Messi, do Barça, não é duelar contra supertimes, e sim massacrar times nanicos como Osasuna, Racing Santander, Mallorca, Levante e Rayo Vallecano. Na Liga dos Campeões, os catalães estão na semifinal, mas, até agora, só pegaram um oponente de peso, o Milan. Os outros rivais foram Viktoria Pilsen, Bate Borisov e Bayer Leverkusen. Pelo Santos, Neymar já enfrentou o Inter fora de casa pela Libertadores, e pode ter pela frente nas próximas semanas equipes tradicionais e competitivas, como Boca, Corinthians, Vélez e Fluminense. A partir do mês que vem, jogará o Brasileirão, o campeonato nacional mais equilibrado do mundo. No fim do ano, se os sonhos dos santistas se concretizarem, pode voltar a jogar um Mundial de Clubes, contra Real, Barça, Chelsea ou Bayern. Isso sem falar na seleção: Neymar já tem outro reencontro marcado com Messi, em junho, no amistoso entre Brasil e Argentina, nos EUA. A agenda da seleção, aliás, é fundamental para que Neymar ganhe a experiência necessária para o Mundial de 2014. Ao invés de torcer para ver Neymar jogando na Europa, Mano Menezes e seu chefe imediato, o diretor de seleções Andrés Sanchez, poderiam marcar partidas mais desafiadoras que os amistosos recentes contra Costa Rica, Gabão, Egito e Bósnia. Ainda que não tenha tantas chances de duelar contra espanhóis, alemães, italianos e ingleses, Neymar terá pelo menos duas grandes oportunidades de ser testado como protagonista na seleção. Em julho deste ano, embarca para Londres carregando a responsabilidade de trazer para o Brasil uma medalha de ouro inédita na Olimpíada. Exatamente um ano depois, participará do grande ensaio para 2014, na Copa das Confederações, com presença garantida da Espanha e do próximo campeão europeu (a ser decidido em junho próximo). Desafios para o maior craque do Brasil, portanto, não faltam – mesmo que ele continue morando em Santos.

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Cabo-de-guerra por Neymar: fica no Santos ou vai para a Europa?

“Em relação a ambiente, à coisa aconchegante, a permanência é ótima. Mas, para um desenvolvimento final, para ganhar respeito maior, seria importante passar pela Europa. Estando lá, não há a necessidade de se expor tanto. A permanência no Brasil exigiu contratos que tomam bastante o seu tempo. Se saísse, seria bom para todos nós. Você não vê necessidade de exposição do Messi tão grande quanto a do Neymar. Pode se focar mais tempo no principal. No Brasil, não é possível que Neymar faça isso. Foi o preço da permanência.”

Mano Menezes

“Eu acho que o Mano não gosta do Santos. Sou totalmente contra o Neymar ir embora. Ele pode continuar jogando no Santos, ganhando o que ganha e fazendo o trabalho que tem feito pela Seleção.”

Pelé

“O Neymar é o nosso maior talento. Acho que ele pode superar o Messi. Ele tem um potencial enorme para melhorar ainda. Mas, jogando no Brasil, nunca. Se não jogar no exterior, com toda certeza não será o melhor do mundo.”

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Ronaldo

“O Neymar é um fenômeno sem igual. Ele já disse que não quer sair. Manter o Neymar até depois de 2014 é o próximo passo que temos que dar. Depois disso, posso morrer.”

Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, presidente do Santos

“No Mundial de Clubes, ele era apenas mais um, era muito fácil marcar só o Neymar. Os jogadores europeus estão acostumados a enfrentar craques como ele. Eles marcam Messi, Cristiano Ronaldo, Rooney… Para eles é tudo normal. Por isso seria boa a saída do Neymar. Ele sentiria como é a pegada do marcador europeu.”

Cafu

“O Santos está de parabéns em manter o Neymar, mas daqui a três anos ele vai sair sem dar retorno financeiro. Eu teria vendido na primeira proposta. Não sei se o jogador vai quebrar a perna ou vai brigar com a mulher amanhã.”

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Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e diretor de seleções da CBF

“Há três anos eu diria que a transferência estava errada. Mas agora é um momento crucial. Jogar uma temporada fora antes da Copa eu estou de acordo. Ir para a Europa ajuda a carreira. É uma outra escola, outro tipo de responsabilidade. Lá ele vai ser muito mais cobrado. Aqui a cobrança é diferente, a exigência é bem mais leve. Seria bom para o Neymar e para o futebol brasileiro.”

Carlos Alberto Parreira, ex-técnico da seleção

“Já falei inúmeras vezes: estou feliz no Santos e pretendo ficar aqui por um bom tempo ainda. Já são três anos falando que eu vou para a Europa. Parece que estão querendo me mandar embora. Eu quero ficar, gente.”

Neymar

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