Cientistas detectam ‘ecos’ do Big Bang
Pesquisadores anunciaram nesta segunda-feira que, pela primeira vez, encontraram evidências de ondas gravitacionais deixadas pelo fenômeno há bilhões de anos
Cientistas americanos anunciaram nesta segunda-feira que detectaram “ecos” do Big Bang: ondas gravitacionais deixadas pelo fenômeno ocorrido há quase 14 bilhões de anos. Essa é a primeira vez em que há evidências indiretas da expansão cósmica e em que cientistas conseguem vislumbrar como o universo nasceu.
A descoberta foi feita por meio do telescópio Bicep (Background Imaging of Cosmic Extragalactic Polarization), localizado no Polo Sul, e relatada por pesquisadores do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos Estados Unidos. Também fizeram parte do estudo especialistas da Universidade Stanford e do Instituto de Tecnologia da Califórnia.
As ondas gravitacionais foram previstas há quase cem anos pela Teoria da Relatividade de Albert Einstein, mas eram até agora a única parte da teoria que ainda não havia sido comprovada. Elas são minúsculas distorções no campo gravitacional do universo que transportam energia pelo espaço.
O achado dos cientistas também pode comprovar outra teoria, a da inflação cósmica, proposta na década de 1980. Segundo ela, a inflação cósmica é o primeiro instante de existência do universo e ajuda a explicar, por exemplo, por que a expansão do universo foi tão grande e rápida e relativamente uniforme. A teoria propõe que foi nessa fase que ocorreram as ondas gravitacionais.
Os cientistas não identificaram as ondas gravitacionais em si, mas sim padrões de polarização provocados por elas. A descoberta ainda precisa ser confirmada por outros grupos de cientistas para ser totalmente comprovada. Especialistas ouvidos pela revista americana Time, no entanto, já consideram o achado como “extraordinário” e “merecedor de um (prêmio) Nobel”. “Esse é um verdadeiro avanço. Ele representa uma nova era para a cosmologia e a física”, disse ao jornal britânico The Guardian Andrew Pontzen, professor de cosmologia da Universidade College London.
“A detecção destas ondulações é um dos objetivos mais importantes da cosmologia na atualidade e resultado de um enorme trabalho realizado por uma grande quantidade de cientistas”, disse John Kovac, professor de astronomia do Harvard-Smithsonian e coordenador dos estudos que levaram à descoberta.