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No 1º dia de aula na 7ª série, Wellington foi vítima de chacota

Colega de turma da escola Tasso da Silveira lembra como o assassino, então com 15 anos, foi alvo de gozações dos estudantes em 2002

Por Rafael Lemos, do Rio de Janeiro
8 abr 2011, 17h27

“A turma inteira caiu na pele dele. Riam muito, caçoavam, foi uma grande chacota. Wellington ficou muito envergonhado e tentou se explicar, dizer que falava assim para explicar como se escrevia seu nome”, lembra Ícaro Belini

No primeiro dia do ano letivo de 2002, Wellington Menezes de Oliveira estava em um dos bancos da 7ª série da escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo. A sala para a qual o rapaz foi direcionado estava cheia de repetentes, com alunos oriundos de outras turmas. A professora, como de costume, pediu a cada um que se apresentasse. Em sua vez, Wellington disse seu nome quase soletrando, numa separação silábica que aproximava sua fala de um tipo estranho de gagueira. “Meu nome é U-é-ling-ton”, disse o rapaz acanhado, cheio de espinhas e com o corte de cabelo muito curto.

O assassino das 11 crianças de Realengo tinha, então, 15 anos, como boa parte de seus colegas. A gozação foi geral. “A turma inteira caiu na pele dele. Riam muito, caçoavam, foi uma grande chacota. Wellington ficou muito envergonhado e tentou se explicar, dizer que falava assim para explicar como se escrevia seu nome”, lembra Ícaro Belini, hoje com 23 anos, estudante de técnica de automação industrial.

Ícaro é uma exceção: é um dos poucos que consegue ter lembranças de Wellington, um adolescente recluso, que não jogava bola, falava pouco e não tinha namorada. Os dois já estudavam na Tasso da Silveira, mas só se conheceram naquele dia. “Nunca tinha notado a existência do Wellington antes disso. Ele falava com poucas pessoas. Eu era repetente, e acho que ele também”, conta.

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O ex-colega cursou a 7ª e a 8ª séries do segundo grau – atuais oitavo e nono anos do ensino fundamental – com Welllington. Ele também seguiu depois para o colégio Madre Teresa de Calcutá, onde os dois cursaram o segundo grau. Com lembra Ícaro, nem ele nem os colegas sabiam que o rapaz frequentava o tempo das Testemunhas de Jeová.

A mãe de outro aluno da mesma época lembra que, até os 10 anos, Wellington era apenas um garoto tímido, de poucas palavras. “Até os 10 anos ele parecia ser normal, só muito retraído. Lá pelos 15 anos, ele se fechou mais. Largou de vez a religião e passou por mudanças. Era muito visível que era muito apaixonado pelos pais adotivos, principalmente pela mãe”, lembra a pedagoga Graça Vieira, 44 anos, que observava o comportamento dos colegas de seu filho, hoje policial militar.

“Ele era um patinho feio. Feio mesmo. E era muito rejeitado pelas meninas do colégio, pelo que me contavam os meninos”, lembra Graça.

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