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Carla Cepollina diz à Justiça ser vítima de conspiração

Ré manteve-se calma, pediu que promotor a chamasse de “doutora” e apontou assessor do coronel Ubiratan como suspeito pelo assassinato

Por Kamila Hage
6 nov 2012, 22h23

Em depoimento à Justiça nesta terça-feira, a advogada Carla Cepollina, de 46 anos, disse ser vítima de uma conspiração de ex-coronéis da Polícia Militar e de policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Carla está sendo julgada desde segunda-feira pelo assassinato do coronel Ubiratan Guimarães, em setembro de 2006. Na época, Carla e Ubiratan eram namorados. A ré depôs por cinco horas, das 17h30 às 22h20, nesta terça. Depois disso, a sessão foi encerrada. O julgamento, que acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, na capital paulista, será retomado amanhã, às 10 horas. ACERVO DIGITAL: Paixão, ciúme e assassinato Perante o júri, Carla Cepollina disse ter passado por “tortura mental” durante os interrogatórios que prestou na polícia. “Usaram de truques e jogos mentais, moendo meus nervos. Eles são maus, eles são muito maus”, disse. “Sou usada como bode expiatório e criaram um quebra-cabeça, no qual não me encaixo.” Carla Cepollina manteve-se a calma durante todo o interrogatório. Pediu que o promotor do caso, João Carlos Calsavara, não a chamasse de “dona”, mas de “doutora”. Carla é formada em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e tem pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em uma faculdade em Milão, na Itália. “O senhor se incomoda em me chamar de doutora? Sou formada tanto quanto o senhor”, disse ela ao promotor. A ré apresentou ao júri uma versão segundo a qual o principal suspeito seria um assessor de Ubiratan, que era, na época, deputado federal: o coronel das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Gerson Vitória. Segundo Carla, Vitória trabalhava no gabinete de Ubiratan e era um dos amigos mais próximos da vítima. Uma semana antes do crime, de acordo com Carla, eles brigaram, Ubiratan deu um tapa no rosto do assessor e decidiu demiti-lo. “Coronel da Rota não fica magoado, fica louco da vida e dá o troco”, disse Carla em referência a Vitória. A ré afirmou que 350 000 reais, destinados à campanha eleitoral de Ubiratan, que tentava naquele ano se reeleger deputado, sumiram após o assassinato. “Eles fizeram isso por um motivo, que se chama dinheiro”, disse Carla. Ela ainda contestou os laudos e foi incisiva: “A acusação não tem uma prova de que fui eu. Eles têm uma história de quinta categoria que não conseguem provar, apesar dos laudos adulterados, da pressão e da sacanagem que fizeram comigo.” Noite do crime – O forte barulho ouvido pela vizinha de Ubiratan, Odete Campos, por volta das 19 horas do dia do crime, foi explicado por Carla. Ela afirmou que estava acontecendo um jogo de futebol entre Palmeiras e São Caetano no horário. Com a vitória do Palmeiras, a torcida teria soltado fogos de artifício que poderiam ser descritos com um “barulho estridente”. A ré negou ainda que tenha lutado com Ubiratan na noite do crime, como sustenta a acusação. “Se eu tivesse entrado em atrito físico com ele, estaria até agora grudada na parede”, disse. “Ele participava da retomada de presídios!” Possessiva – Carla Cepollina rebateu o depoimento do filho de Ubiratan, que disse que o relacionamento entre ela e o coronel tinha terminado quando aconteceu o crime e que Ubiratan apenas a “tolerava”. “O pai dele não tolerava nada que não quisesse. E eu não sou mulher de ser tolerada.” Ela citou a personalidade “voluntariosa” do coronel várias vezes durante o depoimento. Confrontada depoimentos de familiares e amigos da vítima que a caracterizaram como uma pessoa “possessiva e manipuladora”, Carla respondeu: “Vamos esclarecer bem as coisas. Nós estamos falando do coronel Ubiratan. Ele lidou com o Carandiru. É risível acreditar que seria manipulado por mim.” Ubiratan comandou a operação da Polícia Militar no presídio do Carandiru em 1992, que resultou na morte de 111 presos amotinados.


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