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Atropelador da USP pode responder por homicídio doloso

Pedreiro que dirigia alcoolizado matou um e feriu quatro corredores na Cidade Universitária neste sábado

Por Da Redação
18 ago 2014, 10h16

O Ministério Público do Estado de São Paulo pediu neste domingo à Justiça a conversão do indiciamento do pedreiro Luiz Antonio Conceição Machado de homicídio culposo para doloso – quando há intenção ou se assume o risco de matar -, além da mudança de prisão em flagrante para prisão preventiva. Para a Promotoria, o motorista que atropelou cinco corredores no câmpus da USP neste sábado assumiu o risco de matar ao dirigir embriagado. “Assim agindo, em princípio, o indiciado revelou conduzir o veículo com dolo eventual, assumindo o risco de matar aqueles corredores que praticam seu esporte dentro da Cidade Universitária”, disse a promotora de Justiça Juliana Amélia Gasparetto de Toledo Silva no pedido entregue à Justiça.

Segundo o o promotor Fernando Henrique de Moraes Araújo, que também atua no caso, ainda neste domingo a Justiça analisou o caso e não atendeu ao pedido da Promotoria. “O juiz seguiu a mesma linha do delegado, de homicídio culposo, e concedeu liberdade provisória a Machado sujeita ao pagamento de fiança de 55.000 reais”, disse ele.

Na noite deste domingo, o pedreiro continuava preso na carceragem do 91º DP (Ceagesp). No mesmo dia, a Secretaria Estadual da Segurança Pública informou que ainda não havia sido notificada sobre a decisão judicial. Araújo diz que a Promotoria entrará com recurso nesta segunda solicitando à Justiça a revisão da decisão. Para isso, ele pediu que testemunhas do acidente lhe enviassem fotos e vídeos do caso, que deverão ser anexadas ao pedido.

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Vítima – “Não deu tempo nem de piscar. Só vimos um carro em alta velocidade acertando o seu Álvaro e vindo na nossa direção. Foi horrível”, relatou Anelive Torres, de 35 anos. Ainda confusa por causa dos fortes analgésicos prescritos pelos médicos, a biomédica Anelive descreveu o momento em que ela e mais quatro corredores foram atropelados neste sábado por um motorista embriagado dentro do câmpus da Universidade de São Paulo (USP), no Butantã, na Zona Oeste da capital paulista.

Anelive teve os ligamentos do joelho esquerdo rompidos e escoriações por todo o corpo. Ela recebeu alta ainda na noite de sábado, mas deverá voltar ao hospital nas próximas semanas para passar por uma cirurgia no joelho. O analista de sistemas Álvaro Teno, de 67 anos, morreu no acidente. Uma das melhores amigas de Anelive, a médica Eloísa Pires do Prado, de 43 anos, sofreu fraturas nas pernas, quadril e cabeça e continua internada, sem risco de morte.

Assim como faz todos os sábados, Anelive corria com Eloísa e o treinador na Cidade Universitária. As duas treinavam para participar pela primeira vez de uma maratona em outubro, a ser realizada em Buenos Aires. “Ia completar meus primeiros 28 quilômetros. Estávamos correndo desde as 7h30”, disse a biomédica.

Por volta das nove horas, Machado invadiu a faixa da direita da pista, onde ficam os corredores, e atropelou o grupo. “Foi muito rápido. Lembro dele nos atingindo e depois só fui acordar quando estava sendo atendida pelos bombeiros”, disse Anelive.

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Ela soube que uma das vítimas tinha morrido e que o motorista dirigia alcoolizado depois de ser levada para o hospital. “Não foi uma fatalidade. Todo mundo sabe que é proibido dirigir embriagado. A sensação que fica é de impotência. Você sai de casa de manhã, deixa seus filhos para treinar e realizar o sonho de completar uma maratona e passa por isso”, diz ela, mãe de um garoto de 5 anos e de uma menina de 2 anos. “No meu caso, o sonho foi adiado, mas o seu Álvaro perdeu a vida. Espero que a Justiça seja feita”, completou.

A biomédica disse ainda que espera que a USP implemente nos fins de semana divisões de espaço para corredores, ciclistas e carros. “Já presenciei vários ciclistas sendo atropelados por carros, já vi uma bicicleta atropelar uma corredora”. Procurada, a USP não se pronunciou sobre o assunto neste domingo.

Corredores planejam para o próximo sábado um ato, ainda sem horário definido, na Cidade Universitária contra a morte de Teno. O horário ainda será definido. Atletas pedem que corredores vistam roupas pretas no dia. Neste domingo, em evento em Santa Catarina, vários atletas correram de branco pedindo paz no trânsito e homenagearam Teno.

Gurman – Em um dos casos recentes de morte por atropelamento de maior repercussão, o que resultou na morte do administrador Vitor Gurman, de 30 anos, em 2011, a condutora do veículo estava alcoolizada e foi indiciada por homicídio com dolo eventual, quando assume o risco de matar. A nutricionista Gabriela Guerreiro Pereira não foi presa. No ano passado, o Ministério Público Estadual ofereceu denúncia à Justiça contra Gabriela por homicídio doloso qualificado.

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(Com Estadão Conteúdo)

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