Aécio reza a Padre Cícero e diz que Dilma se distancia do povo
No Ceará, tucano diz que presidente-candidata se mantém "de costas para a população"
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, criticou neste domingo a presidente Dilma Rousseff por se manter longe das ruas na campanha eleitoral. Ele afirmou ainda que o distanciamento da candidata-presidente pode ser resultado da aversão do eleitor ao governo e sinal de desejo de mudança na condução do país. Pesquisa Datafolha publicada na última quinta-feira revelou que a rejeição a Dilma chega a 35%, patamar considerado arriscado por analistas eleitorais para a reeleição da petista. Nas grandes cidades, a rejeição chega a 42%, quatro pontos percentuais a mais do que o índice amargado por José Serra (PSDB) em julho de 2010.
“Eu vou conversar com as pessoas, olhar, ouvir. Essa talvez seja uma das marcas mais perversas desse atual governo, que é governar de costas para a população, de forma autoritária e muitas vezes arrogante, sem ouvir e sem ter a humildade de reconhecer equívocos”, disse o candidato. “Esse distanciamento da presidente das ruas e do povo é talvez consequência desse sentimento crescente de mudança que há no Brasil e isso não fará bem à sua candidatura”, completou. Na contramão dos demais candidatos, Dilma tem evitado atos políticos na rua e deve focar a campanha nos mais de 11 minutos que terá de propaganda eleitoral no rádio e na TV.
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Depois de encontros com o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Raimundo Damasceno, e com o cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, Aécio participou neste domingo, na cidade de Juazeiro do Norte (CE), de missa em memória aos 80 anos da morte de Padre Cícero. Ao lado do candidato ao Senado Tasso Jereissati (PSDB), o tucano visitou também uma estátua, de 27 metros de altura, do religioso.
Na missa em homenagem ao padre Cícero, Aécio dividiu a área reservada a autoridades com os petistas Camilo Santana, candidato ao governo do Ceará, e José Guimarães, que tenta a reeleição para a Câmara dos Deputados. Ao lado de Jereissati, participou da missa apenas com orações de Pai-Nosso e Ave Maria. Aécio foi o último a comungar e, assim como os demais políticos, ouviu do bispo da Diocese do Crato, Fernando Panico, pedido para que haja “responsabilidade” dos candidatos em trabalhar em prol da população.
“Que ninguém se distraia. É o padre Cícero quem está filmando a gente lá de cima. Para esse povo sofrido, ganhe quem ganhar as eleições, a todos cabe essa responsabilidade. Aos eleitos, para terem um coração humano no serviço do nosso povo, e aos eleitores, um coração humano para escolher conforme a própria consciência ditar”, afirmou Panico.
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Desconhecido entre os romeiros, que chegaram a confundi-lo com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), Aécio recebeu de assessores e políticos locais orientações geográficas sobre a região do Cariri e sobre rituais envolvendo o padre Cícero. Com uma imagem do padre na lapela, deixou um buquê de flores no túmulo do religioso, deu três voltas ao redor do cajado esculpido na estátua e escreveu seu nome e dos três filhos – Gabriela, Júlia e Bernardo – no pé na escultura.
Na última eleição presidencial, Dilma Rousseff e José Serra tiveram de lidar com duros debates envolvendo temas religiosos e a prática de aborto. Mesmo com os recorrentes acenos à Igreja em 2014, a orientação da campanha de Aécio é circunscrever discussões religiosas a questões de foro íntimo e evitar a politização desses temas.