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A cada 34 horas, uma pessoa é morta por policiais de folga em SP

Secretaria de Segurança Pública divulga apenas dados decorrentes da polícia civil, omitindo estatísticas da Polícia Militar

Por Da Redação
23 mar 2015, 08h48

Policiais civis e militares de folga mataram 255 pessoas no Estado de São Paulo em 2014, ou seja, uma a cada 34 horas. O dado, somado ao total de casos com policiais em serviço, aponta que 963 pessoas foram mortas por agentes de segurança no ano passado. Do total de homicídios, um em cada cinco foi registrado em decorrência de ação policial.

O dado completo, com as mortes praticadas por PMs de folga, embora seja publicado no Diário Oficial do Estado, é omitido das estatísticas de criminalidade oficiais da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Os dados mantidos no site da pasta, portanto, mostram apenas os casos decorrentes de ações de policiais civis em folga: 21 ocorrências.

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Desde 1992, ano do massacre de 111 presos no Carandiru, a polícia não matava tanto – naquele ano, foram 1.428 mortos. Em comparação com 2013, em que foram registradas 218 ocorrências, o total de casos até o ano passado cresceu 17%.

Registros – Entre os casos aos quais o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso – foram 783 ocorrências registradas originalmente como “morte decorrente de investigação policial”, que foram convertidas para homicídio, isto é, praticado pelo agente de folga -, está o retratado no Boletim de Ocorrência 4.208/14, do 24º Distrito Policial (Ponte Rasa), na zona leste. O fato aconteceu na Estrada Itaquera-Guaianases, em 28 de abril do ano passado. Um policial disse que ia ser roubado em um semáforo e reagiu, matando o suposto assaltante.

O próprio registro, entretanto, mostra que o suspeito estava desarmado e os policias plantaram uma arma na cena do crime para justificar o homicídio. “Uma pessoa passou uma arma que estava em sua cintura aos outros dois, os quais passaram a aproximar-se do corpo do indivíduo desconhecido (o assaltante). Na sequência, o soldado que havia recebido a arma ao chegar próximo do corpo se abaixou e a sujou de sangue”, diz o boletim.

Os policiais civis questionaram qual seria o motivo desse gesto. O PM autor dos disparos teria respondido “que era para que a ocorrência ficasse mais redonda, ou seja, sem rebarbas que poderiam causar-lhe problemas futuros”, segundo o BO.

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Parte dos registros obtidos pela reportagem relata casos de policias presentes em estabelecimentos comerciais que estavam sendo assaltados, como lan houses, padarias e postos de gasolina. Mas há também ações de agentes de folga diante de assaltos a seus familiares.

Um desses casos aconteceu, segundo o registro, em 6 de maio, na Rua Padre Virgílio Campello, em Itaim Paulista, zona leste. A mulher de um policial havia descido do carro do casal para abrir o portão de seu condomínio quando três homens, que estariam armados, abordaram-na.

O PM “desembarcou do veículo, se identificou como policial e lhes deu voz de prisão, ocasião em que resistiram à prisão e efetuaram disparos em sua direção, e que, por isso, passou a repeli-los, atingindo dois deles”, diz o boletim. Um dos suspeitos morreu. O terceiro fugiu.

Outro lado – A SSP não explicou por que os dados sobre a morte em decorrência da ação policial estão publicados de forma incompleta no site. “São consideradas mortes em decorrência de intervenção policial aquelas em que um membro da PM ou da Polícia Civil reage legitimamente a uma agressão levando um suspeito a óbito”, diz a SSP, em nota. “Não entram nas estatísticas de morte em decorrência de intervenção policial os casos em que policiais cometem homicídios comuns. Também não são considerados os casos em que policiais reagem a assaltos ou outros crimes sem antes se identificar.”

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(Com Estadão Conteúdo)

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