Zona do euro entra em recessão no primeiro trimestre de 2023
Contração econômica foi causada pela alta da inflação, que desencorajou gastos de consumidores
Na virada do ano para 2023, os vinte países que usam o euro entraram em uma leve recessão, causada por uma queda no consumo por conta da inflação alta. É o que uma reavaliação de dados econômicos sobre o continente europeu revelou nesta quinta-feira, 8.
No primeiro trimestre, de acordo com dados da agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat, a produção econômica da zona do euro caiu 0,1% em comparação ao anterior. Como a produção caiu na mesma quantidade no quarto trimestre de 2022, a situação se caracteriza como uma recessão, já que houve contração econômica em dois trimestres consecutivos.
No entanto, a economia mais ampla da Europa evitou a recessão, já que em todo bloco, o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,1% no primeiro trimestre deste ano, logo depois de cair 0,2% no final do ano passado. A queda acentuada dos gastos do governo foi um fator importante para o declínio do PIB.
Segundo o economista-chefe da Capital Economics para a Europa, Andrew Kenningham, o consumo das famílias foi “duramente atingido” pelos preços altos, pelo aumento das taxas de juros. Mas para o chefe de pesquisa macroeconômica da Pictet Wealth Management, Frederik Ducrozet, a situação poderia ser pior dada a magnitude do “choque” nos rendimentos ajustados pela inflação.
Embora o PIB europeu esteja em declínio, as estimativas oficiais anteriores da produção econômica da zona do euro apontavam para um ligeiro aumento no primeiro trimestre. Na Alemanha, o produto interno bruto caiu 0,3% nos primeiros três meses de 2023, com consumidores afetados pelo preço da energia.
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A evidência de uma recessão na zona do euro complica a tarefa do Banco Central Europeu, que vai se reunir na próxima semana para definir as taxas de juros. A inflação ainda está três vezes acima da meta do banco, mas aumentar ainda mais os juros para derrubá-la pode prejudicar a economia.
“Acreditamos que o PIB provavelmente se contrairá novamente [no segundo trimestre], à medida que os efeitos do aperto da política monetária continuarem a se manifestar”, disse Kenningham, da Capital Economics, em uma nota de pesquisa.
Agora, tanto a zona do euro como toda a União Europeia estão atrás da economia dos Estados Unidos. Enquanto o PIB da Europa caiu, a do outro lado do Atlântico aumentou em 0,3% no primeiro trimestre, logo após um aumento de 0,6% no final do ano passado, informou a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Assim, ao comparar o crescimento com o quarto trimestre de 2022, a economia americana cresceu 1,3% só no período de janeiro a março deste ano.