O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou nesta quinta-feira, 31, a resposta “zero” dos seus aliados ao envio de soldados da Coreia do Norte para lutar pelo lado russo no campo de batalha. Em entrevista à emissora sul-coreana KBS, Zelensky afirmou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem esperado uma reação do Ocidente para decidir, então, se escalará ou não a guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
“Putin está verificando a reação do Ocidente. E acredito que depois de todas essas reações, Putin decidirá e aumentará o contingente”, disse ele à KBS. “A reação que existe hoje não é nada, é zero.”
O líder ucraniano também alegou que Moscou planejava firmar um acordo com Pyongyang para que tropas e um “grande número de civis” passem a trabalhar em bases militares da Rússia. Zelensky aumentou os alertas sobre a participação norte-coreana no conflito em 13 de outubro. De lá para cá, aliados condenaram a movimentação, mas não adotaram medidas retaliatórias contra o governo de Kim Jong-un.
A troca de farpas atingiu também o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Em sessão nesta quarta-feira, a Ucrânia nomeou três generais norte-coreanos que supostamente estariam acompanhando os militares que estão na Rússia. Em meio à escalada, a Coreia do Sul ofereceu assistência de inteligência e cooperação, considerando também mandar uma equipe de monitores militares para Kiev.
+ Putin não nega que soldados norte-coreanos treinam na Rússia para guerra da Ucrânia
Presença em Kursk
Na semana passada, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, indicou que o possível envolvimento norte-coreano na guerra era “muito, muito sério” e que “há evidências de que há tropas da RPDC (República Popular da China) na Rússia”. As informações foram detalhadas pelo vice-Embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, nesta quinta-feira.
Ele afirmou que dados recebidos por Washington mostram que “neste momento” há 8.000 soldados de Pyongyang em Kursk, região na qual as tropas ucranianas realizaram uma extensa operação em agosto deste ano. No momento, a Rússia controla um quinto da Ucrânia e tem avançado.
Putin não nega o envio das tropas. Questionado por um repórter sobre o envolvimento norte-coreano, o chefe do Kremlin disse que “imagens são algo sério” e que as suas existências “refletem algo”. Ele, no entanto, acusou países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental, de agravarem o cenário da guerra.