Chineses de Wuhan, berço do coronavírus, retomam suas atividades
Coreia do Sul registra menor número de contágios, mas autoridades preferem manter as rígidas medidas de controle
Os 11 milhões de habitantes da cidade chinesa de Wuhan, onde o novo coronavírus surgiu em dezembro passado, estão sendo autorizados a voltar a suas atividades. O transporte público foi retomado nesta semana, após dois meses de confinamento e paralisação da circulação de pessoas. A vizinha Coreia do Sul, que chegou a ser o segundo país mais afetado, registrou nesta segunda-feira, 23, o número mais baixo de novas infecções por Covid-19 desde que a doença ganhou força há quatro semanas.
As restrições em Wuhan foram levantadas depois que o Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira, 23, que nenhum novo caso de contaminação local foi registrado pelo quinto dia consecutivo na metrópole. No entanto, 39 casos importados foram relatados em toda a China.
Os moradores de Wuhan que estão em bom estado de saúde vão poder se deslocar dentro da cidade e tomar ônibus ou metrô depois de apresentar sua carteira de identidade, explicaram as autoridades. Também vão poder retornar aos seus locais de trabalho se tiverem uma licença emitida pelo empregador. Os que apresentarem atestado médico de que não foram contaminados poderão ser autorizados a viajar de Wuhan para outras partes da província de Hubei.
A disseminação do coronavírus nessa metrópole levou o governo central da China a decretar uma quarentena em toda a cidade em 23 de janeiro. Quase todas as outras cidades de Hubei, cuja capital é Wuhan, aplicaram as mesmas medidas.
Até agora, a população estava proibida de sair dos limites do município de residência. Embora o Ministério da Saúde chinês tenha anunciado nesta segunda outras nove mortes adicionais na China – todas em Wuhan -, o número de contaminações caiu muito claramente nas últimas semanas.
Com um total de 81.093 casos e 3.270 mortes registradas oficialmente, a China é hoje o segundo país do mundo com mais mortes, depois da Itália.
Coreia do Sul
O governo sul-coreano registrou 64 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, o número mais baixo desde o pico de 29 de fevereiro, quando alcançou 909 contaminações. Com os novos pacientes, o país tem 8.961 casos de contágio e 111 mortes.
Apesar dos números positivos, as autoridades de saúde do país alertaram que ainda é preciso ficar alerta e não relaxar as medidas de prevenção, para evitar que os casos voltem a subir. Mas as autoridades pediram uma vigilância ainda maior, já que os casos importados e pequenos surtos novos continuam a emergir, como em casas de repouso, igrejas e ambientes de trabalho lotados.
“Ainda não estamos dando muita importância aos números, mas como ainda há flutuações, apesar de uma tendência declinante, nossa maior prioridade é evitar infecções grupais esporádicas e casos repatriados”, disse Yoon Tae-ho, diretor-geral de Políticas de Saúde Pública do Ministério da Saúde.
A Coreia do Sul começou a aplicar no domingo uma diretriz de distanciamento social intensivo por 15 dias, que inclui restrições a eventos de alto risco, como reuniões religiosas, esportivas e culturais.
O método sul-coreano
O diretor do Instituto Superior de Saúde (ISS), principal órgão público de consultoria científica da Itália, mencionou como exemplo o rastreamento dos movimentos de pessoas contaminadas. “Estamos em guerra e devemos responder com todas as armas que temos”, estimou o diretor da ISS, Gianni Rezza, em entrevista ao jornal La Stampa nesta segunda-feira.
Os sul-coreanos adotaram “uma estratégia eficaz, que reduziu o crescimento da curva epidêmica”, disse o chefe do Instituto de Pesquisa, Controle e Consulta Técnico-Científica. “Eles fizeram testes rápidos, numerosos, mas seletivos, usando o mapa de movimento de cada pessoa que deu positivo ao geolocalizar telefones celulares”, explicou.
“Eles foram capazes de identificar e isolar os sujeitos em risco” e, em seguida, “criaram aplicativos que permitem aos cidadãos conhecer as áreas com maior tráfego de pessoas contagiadas, para evitá-las”, acrescentou.
(Com AFP e Reuters)