“Foi a escolha mais fácil de todos os tempos.” Assim a revista Time descreveu a decisão de eleger como Personalidade do Ano — um muito aguardado reconhecimento de relevância individual — o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Quando 2022 começou, Zelensky, 44 anos, era um político novato que chegara ao poder graças ao sucesso de uma série humorística em que interpretava justamente um ninguém alçado à Presidência. No fim de fevereiro, a Rússia invadiu seu país e ele assumiu proporções de gigante. Não arredou pé de Kiev — de um bunker, vestindo camiseta verde-militar, falava diariamente à população sobre resistência e perseverança em vídeos que agora, vez por outra, grava na frente de combate, como na visita recente à disputada região de Donbas. Ao longo do ano, Zelensky esteve em toda parte, levando — remotamente — o pedido de apoio e ajuda à Ucrânia a Parlamentos, reuniões de chefes de Estado, conferências internacionais e até à audiência do Grammy. A habilidade para negociar auxílio impulsionou uma inesperada e notável resistência ao invasor muito mais poderoso, que se estendeu por todo o ano e não dá mostras de esmorecer. “Por provar que a coragem pode ser tão contagiosa quanto o medo, por mobilizar povos e nações a se unirem em defesa da liberdade, por lembrar ao mundo a fragilidade da democracia — e da paz —, Volodymyr Zelensky é a Personalidade do Ano de 2022”, proclamou a Time, que estendeu sua homenagem “ao espírito ucraniano”. Ambos merecem.
Publicado em VEJA de 14 de dezembro de 2022, edição nº 2819