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Vitória de nacionalistas na UE pode favorecer Brasil, avalia chanceler

Segundo Ernesto Araújo, políticos radicais de direita da Itália, Hungria e Polônia têm "proximidade de ideias" com o atual governo

Por Da Redação
23 Maio 2019, 17h11

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quinta-feira, 23, que uma eventual vitória de forças nacionalistas na eleição para o Parlamento Europeu pode ser favorável para o Brasil, pela proximidade na visão política do governo brasileiro com a desses movimentos.

Em viagem a Paris, o chanceler foi questionado se a ascensão desses partidos no Parlamento Europeu não terminaria, ao contrário, por prejudicar os interesses brasileiros, já que eles tendem a ser mais economicamente protecionistas. Araújo disse que a “proximidade de ideias” pode compensar.

“A gente pode imaginar, realmente, um cenário onde você tenha um pouco mais de dimensão de proteção, talvez na agricultura. Mas, ao mesmo tempo, talvez uma maior proximidade de ideias, de visão de mundo, pode compensar ou até mais que compensar essas outras questões”, explicou a jornalistas na capital francesa.

As eleições europeias, que começam nesta quinta com votações no Reino Unido e na Holanda, vão escolher 751 membros do Parlamento. As projeções dos centros de pesquisa apontam que a direita pode chegar a quase um terço dos assentos, sendo que os partidos de extrema-direita podem mais do que dobrar.

Desde a eleição de Bolsonaro, o governo brasileiro vem cultivando relações com governos como da Itália, Hungria e Polônia, hoje nas mãos de partidos de extrema-direita. O próprio chanceler fez um tour pelos três países, e o presidente Jair Bolsonaro planeja uma visita a eles no segundo semestre.

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Apesar das boas relações, a Polônia é um dos países que tem dificultado o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, no qual o Brasil tem investido anos de esforços diplomáticos.

Questionado se torcia por uma vitória dos conservadores nas eleições parlamentares, o chanceler disse que não era “uma questão de torcer”. Afirmou, contudo, que considera o crescimento dos partidos nacionalistas um movimento natural de povos querendo recuperar sua identidade e valorizar sua cultura, e que o Brasil é parte dessa “tendência”.

“Então eu acho que, se houver realmente uma confirmação dessa tendência, é algo que talvez facilite vários aspectos da nossa relação com os países europeus, que já é uma relação excelente, como todo mundo sabe. Mas claro, como eu dizia, se você tem essa base de visão de mundo, isso permite começar a pensar em determinadas iniciativas que, de repente, antes você não pensava”, defendeu.

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“Eu acho que sempre você tem uma boa relação política com base em ideias compartilhadas é sempre favorável. E eu acho que sempre é mais fácil traduzir isso em instrumentos concretos na área econômica e em outras áreas.”

MERCOSUL-UE

Apesar dessa visão positiva sobre o futuro europeu, o Brasil teve uma má notícia no front das negociações do acordo comercial com a União Europeia. O governo francês divulgou um comunicado dizendo que “não ratificará nenhum acordo que prejudique os interesses dos agricultores e consumidores franceses, as exigências de qualidade sanitária e alimentar dos standards europeus, e a nossos engajamentos ambientais no Acordo de Paris”.

Araújo, no entanto, minimizou. Lembrou que a França sempre foi um dos países que mais se opôs ao acordo e que outros países, como Alemanha e Itália, querem a conclusão das negociações em breve.

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“É importante mencionar que no caso do Mercosul, e muito especificamente do Brasil, nesses últimos meses temos feito grandes esforços para renovar nossas posições e atualizá-las de uma maneira que permitam a conclusão do acordo. Esperamos o mesmo tipo de esforço da parte europeia”, afirmou.

O chanceler disse acreditar que mais uma rodada e uma reunião de ministros seria suficiente para chegar a um bom termo nas negociações para o acordo, o que poderá ocorrer em junho.

“Acho que cabe ao conjunto dos países europeus fazer um balanço do valor estratégico como todo em função dos sacrifícios. Estamos fazendo esse balanço também no Brasil e no Mercosul”, disse o ministro.

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Negociadores do Mercosul estimam que a etapa final para a assinatura da parceria poderá ocorrer no final de junho deste ano. Em condição reservada, fontes do governo brasileiro familiarizadas com a articulação afirmaram na semana passada que houve um avanço substancial nas conversas com os representantes europeus recentemente.

Um pré-acordo entre as partes deve ser firmado nos próximos dias. Uma vez concluída esta etapa da negociação, ministros de todos os países envolvidos serão chamados para avaliar os termos propostos. A reunião é chamada de “end game” e deve consumir dias de negociação. Caso o texto seja assinado, os Legislativos de cada país terão de chancelá-lo.

(Com Reuters)

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