Visita incomum de sauditas a sinagoga é vista como aceno a Israel
Dois oficiais do alto escalão saudita estiveram em sinagoga de Paris; conflito com o inimigo em comum Irã tem aproximado os dois países
A aproximação entre a Arábia Saudita e Israel, países que sequer mantêm relações diplomáticas, ganhou um capítulo inesperado nesta semana. Dois oficiais do alto escalão saudita visitaram a maior sinagoga de Paris acompanhados do principal rabino da França, de acordo com o jornal israelense Jerusalem Post. A visita, de acordo com um rabino “surpreso” envolvido no episódio, “foi a primeira vez” dos convidados sunitas em um centro judaico.
Mohamed al-Issa, ex-ministro da Justiça na Arábia Saudita e atualmente secretário-geral da Liga Muçulmana, organização saudita responsável por propagar a linhagem sunita do Islã pelo mundo, e Khalid bin Mohammed, ex-ministro de Educação do reino e atualmente embaixador do país na França, estiveram nesta segunda-feira na Grande Sinagoga, localizada na capital francesa. Aos oficiais, rabinos explicaram o significado dos ornamentos no templo e dos textos da Torá.
“Foi algo muito empolgante”, disse Moshe Sebbag, rabino encarregado do centro, que revelou ao Jerusalem Post que os oficiais sauditas “nunca estiveram em uma sinagoga”. “Fiquei muito surpreso que eles vieram”, comentou o religioso sobre o episódio, visto como mais um aceno dos sauditas a Israel no conflito contra o Irã, inimigo em comum dos dois países.
Na última quinta, o chefe do Estado-Maior israelense, Gadi Eisenkot, revelou que o país está disposto a cooperar e trocar informações com a Arábia Saudita para “enfrentar o Irã”. “Estamos dispostos a compartilhar nossa experiência e informações dos serviços de inteligência com os países árabes moderados para enfrentar o Irã”, disse o tenente-general Eisenkot ao site Elaph, fundado por um empresário saudita e com sede no Reino Unido.
Dias depois, o ministro israelense Yuval Steinitz revelou no domingo que Israel mantém “relações parcialmente confidenciais com muitos países árabes e muçulmanos”. “Geralmente, não somos nós a parte envergonhada com isso”, disse o oficial, membro do Gabinete de Segurança de Benjamin Netanyahu, segundo informa o Jerusalem Post. “É o outro lado que tem interesse em manter a relação de forma discreta, e respeitamos esse pedido quando os laços estão sendo desenvolvidos, seja com a Arábia Saudita ou com outros países.”