A Disney oferece um pacote turístico exclusivo que custa US$ 110.000 (R$ 600.000) por ingresso. Mas o preço para o meio ambiente é muito mais alto: no passeio, são emitidas 6,2 toneladas carbonos por hóspede, 20 vezes mais do que alguém em um país subdesenvolvido produz em um ano.
No pacote – que já está totalmente esgotado –, 75 convidados viajarão por 24 dias em 12 resorts da Disney, passando por seis países diferentes. O meio de transporte será um Boeing 757 “VIP”, acompanhado pela equipe da Disney “que [vai] fornecer histórias divertidas e cheias de fatos, permitindo que você fique imerso em todos os locais que visitar”, segundo comunicado.
Os passageiros embarcarão em Los Angeles, na Califórnia, em 9 de julho de 2023. Depois, irão de avião para São Francisco, depois para Tóquio, Xangai e Hong Kong. De lá, o grupo vai para Agra, na Índia, passando pelo Cairo e Paris. O destino final é Orlando, na Flórida, onde fica o maior e mais conhecido completo da Disney.
O grupo Transport & Environment (T&E) descobriu que o combustível de aviação consumido pelo avião para a jornada de 31.500 quilômetros emitiria um total 462 toneladas de carbono (ou 6,2 toneladas para cada passageiro).
Um representante da Disney disse ao jornal britânico The Guardian que a empresa vai monitorar as emissões da turnê e equilibrará a poluição com investimentos em “soluções climáticas naturais de alta qualidade”, que “ resultariam em reduções de emissões certificadas”.
“Nossos investimentos nesses projetos também priorizam o fornecimento de benefícios, como a conservação do habitat da vida selvagem, a criação de empregos, a proteção dos recursos hídricos e a redução dos impactos de enchentes e erosão do solo”, acrescentou o porta-voz.
Ativistas ambientais apontaram que a excursão onerosa ressalta pesquisas que demonstram como indivíduos mais ricos são desproporcionalmente responsáveis pela maior parte das emissões de carbono.
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Os “super emissores”, que frequentemente usam aviões como meio de transporte, representam apenas 1% da população mundial e foram responsáveis por metade das emissões de carbono da indústria da aviação em 2018, segundo estudo da Universidade de Linnaeus, na Suécia.
Além disso, americanos voaram 50 vezes mais do que a população da África, e 10 vezes mais do que as pessoas na região da Ásia-Pacífico.
Em 2019, as emissões médias anuais de CO2 per capita em países de baixa renda foram de 0,3 toneladas, segundo dados coletados pelo Banco Mundial. Globalmente, a pegada média anual de carbono foi de 4,5 toneladas per capita.
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Para que o mundo consiga atingir a meta de permanecer abaixo dos 1,5°C de aquecimento global em relação aos níveis pré-industriais, cada pessoa na Terra precisaria emitir uma média de apenas 2,3 toneladas de CO2 por ano até 2030.
No entanto, estudos recentes da Oxfam estimam que a pegada de carbono dos 1% mais ricos no mundo seja 30 vezes maior do que o nível compatível para manter o aquecimento global ao nível limite desejado.