A Procuradoria venezuela informou que o vereador de oposição Fernando Albán, preso como envolvido no atentado em agosto contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se suicidou nesta segunda-feira (8) na sede do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin). No entanto, seu partido, o Primeiro Justiça, denunciou o caso como “assassinato”.
“O cidadão pediu para ir ao banheiro e, estando lá, se jogou do 10º andar”, informou o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, à emissora estatal de televisão VTV. Ele teria cometido suicídio antes de ser apresentado ao tribunal.
Na Venezuela, há 236 presos políticos, segundo a organização não-governamental Foro Penal. O caso lembra o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, então diretor de Jornalismo da TV Cultura, no quartel general do II Exército, em São Paulo, em 1975. Herzog havia comparecido no local para prestar depoimento, mas foi preso e torturado. O DOI-Codi alegou que ele se matou e divulgou uma foto que o mostra enforcado com os cordões do sapato, mas com os pés arrastando no chão.
Albán era vereador do município Libertador, em Caracas. Foi preso pelos agentes da Sebin, a polícia política do regime, na sexta-feira passada. Foi acusado de ter participado do ataque com dois drones contra Maduro, em 4 de agosto, quando o presidente discursava durante uma parada militar na capital venezuelana. Pelo menos 30 pessoas estão sendo investigadas por esse ataque.
Nicolás Maduro denuncia essa ação como um “magnicídio em grau de frustração” e responsabiliza o deputado Julio Borges, fundador do Primeiro Justiça e atualmente exilado na Colômbia, como autor intelectual do atentado. Para Maduro, o governo da Colômbia e Borges articulam a queda do regime venezuelano.
Borges reagiu ao receber a notícia da morte de Albán. Na sexta-feira, já havia denunciado o “sequestro” e “desaparecimento forçado” do vereador. Da sede da Sebin, ele teria enviado uma mensagem sobre sua prisão a sua irmã, Luz Amparo Albán.
A “crueldade da ditadura acabou com a vida de Fernando Albán”, afirmou Borges no Twitter, lembrando que o vereador o acompanhou na semana passada em reuniões na Organização das Nações Unidas (ONU). “Sua morte não ficará impune”, acrescentou Borges.
O procurador-geral anunciou uma “investigação exaustiva” sobre a morte do vereador. “As causas pelas quais o fez serão esclarecidas, vamos investigar em todas as esferas”, sustentou.
O advogado do vereador, Joel García, disse à imprensa que não se pode afirmar nem negar ter havido suicídio.
O ministro de Interior e Justiça, o general Néstor Reverol, lamentou a morte do político que, segundo disse, também estava “envolvido em atos desestabilizadores dirigidos do exterior, dos quais existem provas suficientes”. Segundo o ministro, Albán se suicidou “no momento em que ia ser levado ao tribunal” que conhecia a sua causa.
(Com EFE e Reuters)