A Rússia enviou para a Venezuela dois bombardeiros TU-160, com capacidade nuclear, para manobras militares conjuntas das Forças Aéreas dos dois países. Segundo o Ministério da Defesa venezuelano, esses exercícios servirão para “preparar a defesa do país caso seja necessário”.
No fim de semana, o governo de Nicolás Maduro aumentou a retórica contra os Estados Unidos, a quem acusa de sabotagem econômica. Dias antes, visitara em Moscou o presidente Vladimir Putin, um dos principais financiadores do chavismo nos últimos anos.
Os dois aviões TU-160 chegaram ao aeroporto de Maiquetía, nos arredores de Caracas, nesta segunda-feira, 10, depois de uma viagem de 10 mil quilômetros. Segundo o Ministério de Defesa da Rússia, as aeronaves percorreram o espaço aéreo internacional “estritamente” dentro da lei e foram escoltadas, em alguns momentos da viagem, por caças noruegueses.
Os aviões, que foram utilizados nas operações militares russas na Síria, foram acompanhados também de um avião cargueiro AN-124 e de um avião de passageiros IL-62. O TU-160 é capaz de carregar mísseis nucleares e convencionais com um alcance de até 5,5 mil quilômetros.
“Devemos dizer ao povo venezuelano e ao mundo que cooperamos (com a Rússia) em várias áreas e também nos preparando para a defesa da Venezuela até o último palmo de terra caso seja necessário”, disse o ministro de Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, ao receber uma centena de pilotos e pessoal russo.
“Vamos fazer isso com nossos amigos porque temos amigos no mundo que defendem as relações respeitosas de equilíbrio, de equilíbrio entre os Estados”, acrescentou.
![Avião russo Tu-160 Avião russo Tu-160](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/12/mundo-tu-160-venezuela-20181210-002.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Padrino não detalhou quanto tempo os exercícios vão durar. Definiu-os como “intercâmbios de voos operacionais (…) para elevar o nível de operacionalidade dos sistemas de defesa aeroespacial” dos dois países.
No aeroporto internacional de Maiquetía, que atende a Caracas, o ministro destacou que as manobras se enquadram na cooperação binacional, como parte da qual a Rússia vendeu à Venezuela centenas de milhões de dólares em equipamento militar nos últimos anos.
“Que ninguém no mundo tema a presença destes aviões logísticos caça-bombardeiros estratégicos que chegaram no território venezuelano. Nós somos construtores da paz e não da guerra”, disse.
A última vez em que a Rússia enviou aviões de combate para a Venezuela foi durante a Guerra da Geórgia, em 2008, quando as tensões entre Moscou e Washington cresceram em virtude do apoio americano à ex-república soviética do Cáucaso.
(Com Estadão Conteúdo e AFP)