Os três principais partidos da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) decidiram se abster de participar das eleições municipais de dezembro na Venezuela. As legendas acreditam que não existem condições para um processo livre e transparente, anunciaram nesta segunda-feira seus dirigentes.
“Só com votos as ditaduras saem… (Mas) para estas eleições municipais a participação não é viável”, disse Henry Ramos Allup, da Ação Democrática (AD). O partido, que dominou a política venezuelana até a chegada de Hugo Chávez ao poder em 1999, somou-se à postura manifestada pouco antes pelos partidos Vontade Popular, liderado por Leopoldo López – que está em prisão domiciliar -, e Primeiro Justiça, do ex-candidato presidencial Henrique Capriles.
“Não vamos participar das municipais. Daremos a luta pelas garantias para eleger livremente um novo governo. O objetivo segue sendo tirar Nicolás Maduro do poder”, afirmou Julio Borges, fundador do Primeiro Justiça e presidente do Parlamento de maioria opositora.
Em nome do Vontade Popular, seu porta-voz, o deputado Freddy Guevara, declarou que “não existem condições eleitorais, nem políticas” para disputar as municipais. “Às vezes é preciso sacrificar um peão para poder pegar a rainha”, explicou.
Os três partidos asseguraram ter tomado esta decisão para se concentrar em buscar melhores condições eleitorais para as presidenciais de 2018, após assegurarem que nas eleições de governadores de 15 de outubro houve um processo “fraudulento”.
Considerada ilegal pela oposição, a governista Assembleia Constituinte anunciou na última quinta-feira a realização de eleições municipais em dezembro – sem data prevista. No dia seguinte, o poder eleitoral anunciou que as inscrições de candidaturas poderiam ser feitas a partir desta segunda.
Segundo analistas, o governo busca aproveitar o mau momento que a oposição vive após as regionais, onde só elegeu cinco contra 18 governadores, para ampliar seu poder com as eleições municipais.
‘Auto suicídio’
Em resposta à decisão dos partidos opositores, o presidente Nicolás Maduro negou mais uma vez que as eleições para governador tenham sido fraudulentas e afirmou que qualquer pessoa que tente “sabotar” a votação de dezembro “irá preso”.
Para Maduro, a atual oposição escolheu tomar o caminho do “auto suicídio”. Também segundo a declaração do presidente, a Venezuela precisa de uma nova oposição, que possa reconhecer o poder do chavismo e das forças bolivarianas, porque, em sua opinião, estas representam a verdadeira força política, econômica e social do país.