Em uma queda histórica, o peso, a principal moeda utilizada em Cuba, registrou nesta quarta-feira, 2, o menor valor de câmbio no mercado informal, com o dólar a 230 pesos. Como consequência, o poder de compra da população local encolheu ainda mais, em um contexto já de alta inflação e falta de produtos.
Em meio a quatro anos de crise econômica, o cenário econômico na nação insular foi agravado, ainda, pela redução na produção nacional e pela escassez tanto da moeda local quanto de estrangeiras, como o dólar, em todo o território nacional.
O governo cubano, que considera ilegal a taxa em mercados informais, estipula a conversão de 120 pesos por dólar. Mas a agência de notícias Reuters estima que cerca de 4,4 milhões dos residentes da ilha não têm acesso ao dólar e dependem completamente da moeda local. Para ter acesso às cédulas americanas, a alternativa para essa parcela da população são remessas do exterior ou a venda realizada por turistas.
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A desvalorização do peso afeta diretamente o poder de compra da população. Seus salários baixos não alcançam 5 mil pesos mensais, cerca de US$ 20 (ou R$ 96, na cotação atual). Além da ausência de alimentos, remédios e outros bens básicos nas prateleiras dos mercados, o custo em dólares de importados encareceu consideravelmente.
Com produtos como detergente e molho de tomate a US$ 3, a Reuters descreve que cubanos precisam sacrificar muito para obter o mínimo para viver.
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Buscando alternativas para a crise permanente, Havana acusa Washington de impedir o crescimento do país devido às sanções econômicas. O governo de Miguel Díaz-Canel justifica, ainda, que a pandemia de Covid-19 impossibilitou um progresso expressivo em solo cubano.
Críticos, contudo, sugerem que a ausência de uma reforma voltada para o mercado, nos moldes chineses, é o principal impeditivo para a recuperação econômica da nação insular.
Em julho, o ministro da Economia, Alejandro Gil, comunicou que o produto interno bruto (PIB) cresceu cerca de 1,8% no primeiro semestre do ano, números inferiores aos do período pré-pandemia, que marcavam 8%.
A atual administração projeta que o PIB deve crescer 3% no total neste ano. A inflação, que ronda os 45%, é a principal fonte de dor de cabeça para a economia de Cuba, que registrou um aumento de 39% no preço das mercadorias no ano passado.