Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Uruguai: o bom exemplo na vizinhança em tempo de Covid-19

Únicos cidadãos da América Latina com entrada liberada na Europa depois da abertura de fronteiras, os uruguaios celebram sucessos durante a pandemia

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h41 - Publicado em 31 jul 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Quando a Europa enfim anunciou que reabriria as portas, em junho, para a entrada de viajantes de outras partes do mundo, criou-se um alvoroço em torno de quem seria bem-vindo. No fim, prevaleceu a lógica: foram liberados quinze países com o contágio do novo coronavírus sob controle, definidos a partir de dados confiáveis. Sem surpresa, Brasil e Estados Unidos ficaram de fora. A América Latina, porém, teve um solitário representante na cobiçada lista — o Uruguai. No pequenino país de população reduzida e baixa densidade demográfica que já foi parte do Brasil, houve apenas 35 casos de Covid-19 por 100 000 habitantes (o Brasil tem trinta vezes mais casos), e um total de 35 mortos. Não é essa a única conquista do vizinho ao sul. Sem alarde, o Uruguai acumula alta pontuação em uma série de indicadores positivos, a começar pela classificação entre as quinze “democracias completas” do mundo, em lista elaborada pela revista The Economist com base em critérios como pluralismo político, gestão do governo e liberdades civis.

    No auge da pandemia, o Uruguai, como todo mundo, fechou fronteiras, suspendeu aulas, proibiu serviços religiosos e cancelou grandes eventos, mas não chegou a adotar quarentena obrigatória. O presidente Luis Lacalle Pou, de centro-direita, empossado em 1º de março, já com a crise na porta, anunciou que não iria “limitar a liberdade” dos 3,5 milhões de uruguaios, recomendando, no entanto, que adotassem as necessárias medidas de higienização e distanciamento social. Evidentemente, o fato de ser um pequeno país ajudou, mas não é a única explicação para o sucesso da empreitada. “Com uma comunicação eficaz, o governo optou por prevenir, em vez de proibir. Confiou na atitude responsável da população”, diz Griselda Bittar, especialista em medicina preventiva da Universidade da República, em Montevidéu. Deu certo: em maio, mais de 90% dos uruguaios estavam fechados em casa — no Brasil, o auge do confinamento, no dia 22 de março, foi de 62%.

    País estável politicamente, sem os picos de polaridade que sacodem a vizinhança, a passagem de poder de quinze anos de governo da Frente Ampla, de esquerda, para o conservador Lacalle ocorreu de forma organizada, sem traumas e sem risco de o novo governo apagar o que o anterior pôs em andamento e começar tudo de novo, como é regra na América Latina. Ao lado da promessa de aumentar a segurança e reduzir a presença do Estado na economia, tudo indica que serão mantidas as políticas progressistas da administração anterior, que fez do Uruguai o primeiro do mundo a legalizar a venda de maconha.

    Tirando os doze anos de ditadura militar, a partir de 1973, os avanços uruguaios nas últimas décadas são excepcionais. É dele a melhor posição latino-americana — 21º no mundo — no Índice de Percepção da Corrupção da ONG Transparência Internacional (o Brasil ocupa o triste 106º lugar) e também nos indicadores regionais de paz e de liberdade de imprensa. Com uma economia que não deixou de crescer até 2019, enquanto as nações em volta andavam para trás, a pobreza não passa de 3% da população, a classe média representa mais de 60% e está lá a melhor distribuição de renda da América do Sul. “Seu ciclo econômico é menos volátil do que o de Brasil e Argentina, devido a uma gestão fiscal mais ordenada”, explica Pedro Isern, diretor executivo do Centro para Estudo das Sociedades Abertas. O prêmio da eficiência vem agora: todos os voos entre Montevidéu e Madri programados para o mês de julho foram vendidos em poucos dias. Nada como estar na lista certa.

    Publicado em VEJA de 5 de agosto de 2020, edição nº 2698

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.