A União Europeia concedeu à Ucrânia nesta quinta-feira, 23, o status de candidata ao bloco, em uma decisão histórica que abre o processo de adesão de Kiev, em um golpe ao presidente Vladimir Putin.
Em uma cúpula em Bruxelas, líderes europeus aprovaram o status de candidato da Ucrânia quase quatro meses depois que o presidente do país, Volodymyr Zelensky, pediu para se juntar ao bloco nos primeiros dias da invasão russa. A Moldávia também recebeu o status de candidata.
Para ganhar o status, geralmente leva anos, mas a União Europeia acelerou o processo por conta da guerra provocada pela Rússia. O embaixador da Ucrânia na União Europeia, Vsevolod Chentsov, comentou no início desta semana que o bloco se moveu à “velocidade da luz” por seus padrões.
“A Ucrânia está passando por um inferno por uma razão simples: seu desejo de ingressar na União Europeia”, tuitou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na véspera da cúpula. Na semana passada, a comissão pediu aos líderes do bloco que concedam o status de candidato à Ucrânia.
“Nossa opinião reconhece o imenso progresso que a democracia [ucraniana] alcançou desde os protestos de Maidan em 2014”, disse Von der Leyen.
Falando sobre a decisão positiva esperada, Zelensky disse: “Isso é como ir da escuridão para a luz”.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que o status de candidato acabaria com “décadas de ambiguidade” e definiria: “a Ucrânia é a Europa, não parte do mundo russo”.
A Ucrânia busca a adesão à União Europeia desde a “revolução laranja” de 2004, e mais enfaticamente desde os protestos de Maidan, em 2013 e 2014, quando o presidente pró-Kremlin, Viktor Yanukovych, foi deposto após se recusar a assinar um acordo de associação com o bloco.
Antes da guerra, a adesão estava fora da mesa pela corrupção no país, entre outros motivos. No entanto, as autoridades que se opunham à candidatura mudaram de posição por temores de estar do lado errado da história.
Agora, as negociações sobre a adesão levarão muitos anos. O processo também pode ser revertido, caso um futuro governo de Kiev não implementar reformas no Estado de direito e alinhar sua economia aos padrões da União Europeia.
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, disse que a União Europeia deve “reformar seus procedimentos internos” para se preparar para novos membros, pedindo que o sistema acabe com vetos. A França, que tinha afirmado que a Ucrânia não receberia um “passe VIP” para entrar no bloco, é um dos vários países que se opõe a desistir do veto sobre as decisões de política externa.
A Moldávia, o ex-país soviético de 3,5 milhões de habitantes que experimentou um aumento nas tensões desde a invasão russa de seu vizinho, também recebeu o status.